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Em Pauta

Elevado percentual de "ótimo" e "bom" contrasta com desejo de mudança

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/10/2014 09:48
Elevado percentual de "ótimo" e "bom" contrasta com desejo de mudança

O paradoxo do segundo turno das eleições presidenciais

Somente os diretamente envolvidos com a campanha eleitoral afirmam que seus candidatos sairão vitoriosos na noite do próximo domingo. A população está em estado de plena interrogação: quem vencerá?

O paradoxo está nos números que dão vitória aos atuais detentores do poder contra o claro e manifesto desejo de mudança. A história pode dar algumas pistas. Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com facilidade, no primeiro turno, quando tinha em torno de 45% de "ótimo" e "bom". Lula foi reeleito também com facilidade quando tinha também aproximadamente 45% de "ótimo" e "bom". Dilma tem 43% na soma de "ótimo" e "bom". Considerando apenas esses dados, Dilma está muito próxima de FHC e de Lula. Além disso, os últimos números das pesquisadas mais afamadas a colocam à frente de Aécio. Portanto, analisando apenas esses números Dilma será reeleita.

Todavia, pode ser que o que não sabemos sobre eleições venha a ser mais importante do que aquilo que conhecemos, mais importante que os números. O desejo de mudança era pequeno nos governos FHC e Lula. Esse indicador estava mais de acordo com as respectivas avaliações positivas de seus governos. No caso de Dilma, é estranho o que acontece. O desejo de mudança dá a impressão de ser maior que as qualificações de "ótimo" e "bom" de seu governo. Talvez seja uma aprovação popular a seu governo e uma desaprovação à sua figura pouca afeita à simpatia e ao carisma.

Esta eleição traz um elemento intrigante: o elevado desejo de mudança, considerando-se a elevada proporção de "ótimo" e "bom" do governo. Só resta aguardar o domingo.

Elevado percentual de "ótimo" e "bom" contrasta com desejo de mudança
Elevado percentual de "ótimo" e "bom" contrasta com desejo de mudança

Brasil precisa começar a discutir a questão da fecundidade

O envelhecimento populacional esteve até agora aprisionado no debate sobre a questão da Previdência Social. Claro, esse é um ponto fundamental, preocupante e que, por culpa dos marqueteiros, estamos vendo correr pelo ralo uma oportunidade ímpar de

debatê-lo no período eleitoral. Mas há outras implicações que desafiam as políticas governamentais. O país precisa começar a pensar na taxa de fecundidade. Produtividade depende de investimento, infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, mas também de quantidade de oferta de trabalho. Se a população economicamente ativa diminui, se a população em idade ativa encolhe, quem produz precisa produzir mais e melhor.

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Europeus incentivam segundo filho

Os países europeus, envelhecidos na década de 1970, enfrentam esse desafio com alguma flexibilidade na imigração e estímulos ao segundo filho. Por lá, o estímulo se dá com licença-maternidade ampliada, subsídio à escola do segundo filho, entre outras políticas. E, mesmo com os incentivos, a fecundidade permanece baixa, como na Alemanha. Uma certeza é que as políticas de estímulo à fecundidade, em muitos países, demoram anos - e até décadas - para apresentar resultados. E a economia paga um preço alto por isso.

Elevado percentual de "ótimo" e "bom" contrasta com desejo de mudança
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Entidades de médicos são multadas por forçar tabela de preços

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) condenou o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) pelo uso de uma tabela de preços por serviços médicos e por utilizarem métodos coercitivos para adotá-la. O CFM terá que pagar R$ 400 mil e as outras duas entidades pagarão R$ 100 mil cada. A denúncia contra elas foi feita em março de 2011. Dizia que os preços das consultas e dos honorários médicos estavam tabelados e promoviam a paralisação aos atendimentos dos beneficiários de planos de saúde que não aceitassem os valores estipulados.

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Defesa alega violação da dignidade dos médicos

A defesa das entidades médicas garante que a negociação se deu de forma cristalina, com transparência para a população, e que há um nefasto procedimento adotado pelas operadoras de planos de saúde, que não reconhecem a dignidade do trabalho

médico. Acrescenta que os preços vêm sofrendo corrosão pelo processo inflacionário e que não se justifica uma consulta médica ser paga a R$ 20.

Efetivamente, uma consulta a R$ 20 é algo inacreditável e insuportável, um preço vil. É difícil encontrar algum profissional de qualquer área que admita uma remuneração tão baixa. Mas, por outro lado, o tabelamento de consultas dos profissionais liberais, em geral, é pratica corrente em muitos lugares do país. Esta é uma realidade antiga e de difícil solução. E, pior, não são apenas os profissionais liberais a praticarem o tabelamento: há alguns setores do comércio que também utilizam dessa artimanha.

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Traídas e talaricas nas letras do funk

O que mais estimula a violência feminina percebida na periferia são as letras dos funks, fenômeno que cresce vertiginosamente nos entornos de cidades brasileiras de todos os tamanhos. De um lado, as mulheres fiéis, mulheres traídas, e do outro as talaricas, que se envolvem com os homens das primeiras. Casos de tortura e espancamento permeiam os atos de violência gravados e inseridos no YouTube. Durante as agressões, uma menina foi obrigada a dizer que era uma "talarica safada". A gíria, que significa “mulher que flerta com homens compromissados”, é vastamente usada em letras de funk, que, por sua vez, inspiram-se em casos da vida real.

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Vingança das fiéis escapa à Lei Maria da Penha

Trata-se de um erro imaginar que esse universo da violência feminina é motivado pelo funk. Amplificado e incentivado por esse ritmo musical, sim, é uma realidade, mas a causa é outra. A rivalidade entre as mulheres está nas novelas, nas músicas sertanejas, na MPB, nas revistas semanais femininas, nos filmes. Não podemos insistir no discurso de que os jovens aderem cegamente a essa onda de violência porque ouvem funk.

Mesmo sendo um caso de violência contra a mulher, a vingança das fiéis contra as talaricas não se encaixa na Lei Maria da Penha voltada para delitos de cunho doméstico.

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