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Em Pauta

Estão construindo um Paraguai bem alemão extremista

Mário Sérgio Lorenzetto | 05/04/2022 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Atenção alemães extremistas,  e seus descendentes, estão construindo um Paraguai que promete ser um paraíso. Um lugar onde não aceitam vacinas, impostos e nem muçulmanos. Também são intolerantes com a democracia. Fica a quarenta quilômetros de Assunção e seu nome é "Paraíso Verde". Uma cidadezinha rural, cercada e protegida por guardas armados com fuzis modernos. A chegada massiva de alemães está gerando uma bolha nos preços das terras em zonas como Villa Rica, Honenau, Obligado, Bella Vista ou Colônia Independência. Lugares habitados por alemães há mais de quinze anos, onde predomina a língua alemã, misturada com um pouco de espanhol e guarani.


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Ninguém sabe quantos são.

Durante a pandemia, a Alemanha se converteu na nação europeia com a maior quantidade de expatriados no Paraguai. Já são a terceira comunidade de imigrantes no país, atrás apenas dos brasileiros e argentinos. Pelo menos 1.644 alemães completaram o processo de morada permanente no Paraguai no ano passado. Quase o triplo de 2020. E até março deste ano, outros 575 tinham superado a burocracia para se radicar para sempre nos trópicos paraguaios. O consulado alemão fala que já chegaram entre 22.000 a 30.000. A verdade é que ninguém sabe quantos são, entram livremente pelo Brasil, Argentina e Bolívia.


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Amo odiar.

A imensa maioria deles saiu da Alemanha devido à vacinação obrigatória e impostos elevados. Não veem também perspectiva alguma de que seus partidos de ultra direita cheguem ao poder em um país dominado pelo centro e pela social democracia. Via de regra são adeptos da homeopatia e da cura por ozônio, medicinas alternativas desprovidas de valor científico. São anti-muçulmanos até os dentes. Também dizem fugir da falta de segurança, mas a taxa de crimes no Paraguai é "só" vinte e quatro vezes maior que na Alemanha. Mas nem todos "amam odiar", há também aposentados que desejam viver na zona rural e não conseguem, devido ao valor altíssimo das terras alemãs. Há ainda aqueles que desejam uma mudança radical, exótica e tropical.


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Fugitivos da vacina.

Ainda que o Paraguai tenha adotado medidas bem mais duras que no Brasil para enfrentar a pandemia, o fato é que por lá, apenas 46% da população conseguiu tomar as duas doses de vacina, ao contrário do Brasil e Argentina que estão com algo próximo a 80%. Criou-se no Paraguai uma situação estranha. A mesmo tempo que é obrigatório vacinar, não há vacina para todos.


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O choque de realidade.

O primeiro choque para os alemães desavisados que chegaram ao Paraguai foi a pobreza extrema que viram nas ruas das cidades. Há buracos em todas as ruas, vendedores de quinquilharias que perseguem os loiros estrangeiros. Mas o maior choque foi com o sistema de saúde. Os pacientes dos hospitais ficam nos corredores em cadeiras, não há vagas. Também estão sendo obrigados a gastar até U$ 100.000 com tratamentos oncológicos. A dura realidade de sair de um país riquíssimo para um paraíso tropical paupérrimo, chegou.

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