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Em Pauta

Fazenda Taboco infinita e a Coxim dos goianos: a bagunça dos limites

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/12/2022 12:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
A história brasileira deveria começar com: "e no início fez-se a bagunça". Passados 500 anos, a bagunça continua. Uma das mais importantes é a questão dos limites das terras. A quem pertencem? Era um problema tão difícil que recorreram a uma mentira. Inventaram que o Tratado de Tordesilhas dizia respeito às terras na América do Sul, que estavam conflitando espanhóis com portugueses. Esse Tratado diz respeito tão somente à África. Data de junho de 1494. Colombo chegou à América Central em outubro de 1.492. Dois anos de diferença entre os dois eventos. Não tinham nem ideia da existência de uma América do Sul. Mas foi tomando como base esse tratado que começaram a dividir as terras. A dizer a quem pertenciam. Como começou com uma mentira, as tentativas de um tentar passar a perna no outro, foram perpetuadas. Brasil tentando ludibriar o Paraguai, e vice-versa. Estados tomando à força territórios de outros e fazendeiros desconhecendo os limites de suas terras. Dois exemplos, importantes, mas pouco conhecidos, ocuparão este escrito.


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Taboco, uma fazenda sem fim........

Duas fazendas são icônicas no Mato Grosso do Sul: Taboco, no Pantanal e Matte Larangeira, na fronteira com o Paraguai. Fazendas imensas, gigantescas, que serviram de modelos para as demais de suas respectivas regiões. Chegaram mesmo a estabelecer uma guerra entre elas. Guerra com milhares de partícipes. Taboco era tão grande que, conta Renato Alves Ribeiro, seu melhor cronista: "encontraram-se em Corumbá o velho João Alves Ribeiro [fundador da Taboco] e o Mascarenhas, então dono [ da fazenda] Correntes. Conversaram e viram que eles não estavam muito distantes um do outro, pois os campos do Mascarenhas.... limitavam-se ao fundo pelo rio Taboco. Após longo bate-papo amigável combinaram o seguinte: na minguante de Agosto  o Mascarenhas poria um grande fogo próximo ao rio Taboco, e orientando-se pela fumaça, os dois procurariam se encontrar". O fogo servia de comunicação e indicativo de limites entre as fazendas. Tinham uma pálida ideia do tamanho de suas terras.


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Uma Coxim dos goianos.

Criada a capitania [Estado] de Mato Grosso em 1.748 e a de Goiás na mesma época, os limites entre ambas não foram definidos. Goiás dizia que suas terras atingiam a embocadura do rio Coxim. Mato Grosso não aceitava tais limites. Não chegaram a conclusões satisfatórias e esqueceram do litígio. Em 1.830, começaram a povoar essas terras. Os fazendeiros pediram que pertencessem ao Mato Grosso. Os goianos não aceitaram e levaram a questão ao Congresso Nacional. Que, óbvio, nada resolveu. Em 1.874, o governo goiano mandou instalar uma agência fiscal na região que chamavam de Pontal - junção do rio Coxim com o Taquari. Foram expulsos. Vem a guerra contra o Paraguai e a região de Coxim é ocupada pelos paraguaios. Até há poucos anos, Goiás continuava discutindo esses limites. Em 1.896, houve novo alvoroço. Os coxinenses souberam que uma estrada de ferro estava projetada para ligar Uberaba a Coxim. Chegaram a fincar as primeiras estacas na cidade mineira. Um sonho apenas. Mas, Coxim passaria a pertencer a Minas Gerais?
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