Filhos políticos: as dinastias ainda correm o mundo
Os reis e as monarquias acabaram? Desapareceram, servem apenas como pontos turísticos, mas ainda ouvimos seus ecos longínquos. Quer entrar na política? Ajuda se você vem de uma família de políticos. Em um novo estudo, publicado na revista Historical Social Research, realizado pela Universidade de Oklahoma, mostra que, em média, um em cada dez líderes mundiais vem de famílias com laços políticos. Não deve ser diferente no Brasil e no Mato Grosso do Sul.
A pesquisa examinou os antecedentes de 1.092 políticos - presidentes e primeiros-ministros - da Europa, América do Norte, América Latina, África e Ásia. Definiram que "família política" é aquela que têm laço de sangue ou casamento com alguém já envolvido na política. Ampliando o escopo, descobriram que nada menos de 12% dos dirigentes vem de famílias de políticos quando os cargos são de presidentes, primeiros ministros, juízes, legisladores, chefes de partidos ou embaixadores. Não é incomum que filho de político ocupe cargo de embaixador, como afirmam no Brasil. Mas pode ser nepotismo.
Bush, Trudeau e Cristina Kirchner.
Os exemplos mais notáveis incluem o ex-presidente dos EUA George Bush, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e a ex-presidente argentina Cristina Fernández Kirchner. As conexões políticas eram importantes em todas as regiões em que estudaram, tanto em países ricos como nos pobres. O poder é, por natureza, herdado nas monarquias. Mas mesmo onde elas foram eliminadas - onde os cidadãos exercem o voto em eleições livres e justas - pertencer a uma família política é uma vantagem significativa. Dá aos candidatos o reconhecimento dos nomes, alguma experiência no ramo e melhor acesso a aliados e a recursos ao concorrer ao cargo.
13% na América Latina.
A América Latina e a Europa disputam o primeiro lugar no ranking das regiões onde os políticos tornam seus filhos herdeiros de cargos importantes. Logo a seguir, vem a Ásia com 11%. Em função do espaço temporal em que foi realizada a pesquisa, do ano 2.000 a 2.017, a América do Norte, tecnicamente, teve a maior taxa de líderes com laços familiares. Dois dos oito presidentes e primeiros ministros nesse período estão ligados a chefes de estado. Todavia, afirmam que esse dado não corresponde à verdade histórica quando colocada em um espaço temporal maior.