Gordofobia. A revelação de que as lojas não querem as gordas
Esta é uma entrevista sob o manto do anonimato. A condição foi de não revelar o nome. Não há nenhuma razão lógica para que a indústria da moda não disponha de números maiores em suas lojas físicas. Elas colocam uma gorda no anúncio e dizem que não discriminam ninguém. É puro engodo. Há pouquíssimas roupas para as gordinhas nas lojas. Foram relegadas aos confins discretos das compras online.
Dão a vida pela Shein.
"A verdade é que as lojas não querem receber, nem vender para as gordas", revela a lúcida entrevistada. "Por isso, damos a vida pela Shein (empresa de roupa online chinesa)". "Nos salva a vida". "É lá que encontramos roupa sexy, cômoda e prática ".
Geração de cristal.
A entrevistada diz que a sua é a geração de cristal. Estão sempre perto de quebrar. Sofrem. Desde a infância. Diz que dá gosto de ver as jovens vestidas como querem. São corajosas e foram educadas para lutar. Para não aceitar serem xingadas. Também diz que pior ainda é a geração de suas mães. Suportam que seus maridos a coloquem em uma condição de distanciamento social. São apagadas e apartadas da sociedade.
Os corpos tem de adaptar para entrar na roupa.
A entrevistada comenta a notícia da Kim Kardashian fazendo pressão para entrar na roupa da Marilyn Monroe. Afirma que é uma aberração que a sociedade vem impondo às gordas há muito tempo. "É perpetuar essa ideia de que nossos corpos tem de adaptar-se para caber na roupa e não o contrário ".
Não é freira e nem muçulmana.
"As pessoas não têm nem ideia do que é o TCA (Transtorno de Conduta Alimentar)". Revela a crueldade da gordofobia. "Me auto-lesionei alguma vezes". "Passei a vida inteira fazendo dietas inúteis e afundando os punhos na barriga". "Odiava minha barriga". "Querem que eu use uma túnica, não sou freira e nem muçulmana". "Só posso usar roupa preta? Não aceito, quero roupa colorida como todas as mulheres".