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Em Pauta

Guerra de Lopez: oito dias de fome e cenas macabras

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 05/06/2024 07:20
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Quando os batedores das tropas brasileiras chegam a Coxim, encontraram muita precariedade alimentar. Levas de corumbaenses fugitivos dos guaranis de Lopez tinham reduzido os estoques de alimentos. Mas sua missão os impulsiona à frente. Tinham de chegar na região de Miranda, a fronteira de então do Brasil com o Paraguai. Essa região, do Coxim ao Miranda, também era a geografia que eles tinham alguma noção.


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Oito dias de fome.

A região fora destruída pelos paraguaios. Estava com barreiros que tornavam a viagem lenta e extremamente cansativa. Com a ajuda de dois coxinenses, logo aprenderam que não podiam colocar seus cavalos em terrenos aparentemente secos. Eram lugares onde corriam risco de atolar. Era preferível avançar pelos barreiros. Não havia uma vaca sequer para comer, tinham sido abatidas pelos guaranis. Estimam que tinham levado 60.000 vacas. Passaram fome durante longos oito dias. Tomavam uma xícara de chá ao alvorecer e, outra, no anoitecer. Procuravam árvores que lhes desse alguma seiva para chupar. Só quando estavam próximos de aldeia terena, encontraram favos de mel. Foi uma longa marcha da fome pelo Pantanal.


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Terenas, os aliados das tropas brasileiras.

Foram bem acolhidos nas aldeias Terenas por onde passaram. Mataram a fome. Em uma delas, construíram um rancho feito de propósito para os visitantes. Apesar de também serem fugitivos dos guaranis, tinham plantado e colhido alimentos que lhes permitiam viverem. Também tinham algum gado. Eram descritos como excelentes cavaleiros e domadores. Organizaram uma festa para os soldados. Dançaram a noite toda com o som de uma flauta e um tambor. Quando saíram da aldeia, foram acompanhados por vinte e seis indígenas que lhes indicariam os melhores caminhos.


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O terror das lendárias sucuris taradas.

Viram uma sucuri de seis metros e meio de comprimento e três metros e meio de circunferência. Asseveram a eles que era um filhote, a maioria atingia treze metros. E aterrorizaram-se com as lendas. Contaram que tinham avistado uma luta entre um imenso touro e uma sucuri. Quando o touro estava desfalecendo de cansaço, alguém cortara a cobra a facada. Também narraram lutas entre essas cobras e onças. Mas a mais incrível foi a lenda de que as sucuris se atiram sobre as mulheres com outro fim, que não o de devorá-las. Cobras taradas.


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A batalha entre terenas e guaranis. Um cena macabra.

O porto de D.Maria Domingas, próximo de Miranda, fôra testemunho de uma das poucas cenas de resistência no longo período de ocupação guarani. Só lá, encontraram mostras daquela batalha. Muitas árvores com marcas de bala e cinco ossadas humanas. Em maio de 1.865, dezesseis terenas foram encurralados em uma mata por duzentos guaranis. Fogo certeiro, em poucos minutos obrigou os soldados de Lopez a fugir e deixar seus mortos. Os terenas, cada vez que viam esses ossos, gritavam em um imenso clamor, uns quebravam os ossos, outros insultavam as caveiras cuspindo nelas e calcando-as aos pés. Outros, ainda, riam estrepitosamente e dirigiam piadas. O ódio entre terenas e guaranis é secular.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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