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Em Pauta

Guerra do Paraguai: quando os soldados viraram vaqueiros

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 16/07/2024 07:55
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Nem balas, nem bombas. Há um tempo na Guerra do Paraguai que a foice da morte mudou de destino. Saiu dos campos de batalha para encontrar a morte por fome. Faltavam vacas. A caçada às vacas se tornou tão decisiva que Solano Lopez, chefe de um exército profissional no início da guerra, emitiu uma ordem determinando pena de morte aos soldados que se negassem sair à procura de reses.


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Não tomaram a fronteira por falta de vacas.

O comando das tropas brasileiras chegou a um acordo: tomar a região que vai de Bela Vista a Dourados do exército paraguaio. Acreditavam que seria um golpe decisivo na sorte da guerra. Escrevem que seria um avanço moroso para acabar totalmente com a força do ditador paraguaio, como também fonte para grande desenvolvimento comercial da região. Entretanto, antes de enviar as tropas para as batalhas, estudam de onde conseguir as vacas necessárias para sustentar tantos homens. A conclusão é de que, devido à matança desenfreada do gado que existia entre Miranda e Aquidauana, durante o tempo de ocupação dessa área pelo exército guarani, não há estoques suficientes. O exército brasileiro não ocupou essa região por falta de vacas.


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Morrendo de fome se entregavam.

Os diários e relatórios da campanha não deixam margem de dúvida: o exército paraguaio estava morrendo de fome. Às claras, ou disfarçadamente, se entregavam aos brasileiros quase diariamente. Nos documentos de guerra, há uma descrição de batalha onde cem paraguaios se defrontaram com uma tropa brasileira. Após alguns tiros, 99 paraguaios se entregaram, apenas um morreu. Eles estavam esqueléticos, passando fome há dias.


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Civis ainda mais famintos.

Se o exército paraguaio era famélico, os civis daquele país tinham ainda mais fome. Nos documentos, há vários momentos em que os brasileiros têm de socorrer idosos, mulheres e crianças paraguaias. Mas, os brasileiros também tem dificuldades. Só existiam grandes estoques de vacas no Rio Grande do Sul e na Argentina e não havia como transportá-las para as regiões onde eram planejadas as batalhas. Esse fato, explica, pelo menos em parte, a fama e tradição conquistadas por essas duas regiões, no pós-guerra, como grandes produtores de carne.


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Morreram as mulas, cavalos passam fome.

Há outras batalhas que o exército brasileiro não travou por falta de meio de transporte. Leia-se, por falta de mulas. Não consegui encontrar a explicação da mortandade das mulas nessa guerra. O fato é que, faltavam mulas para transportar mercadorias até os locais onde tinham planejado algumas batalhas. Se não faltavam cavalos, eles não tinham condições de ir à aos palcos de luta por estarem fracos. Não havia milho e farelo que os alimentassem. A fome matou milhares, foi decisiva no resultado da guerra.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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