Indígena não bebia leite e fazendeiro “colhia” gado
O costume de beber leite levou longos séculos para chegar à Europa. À partir de suas origens, na atual Turquia, esse hábito disseminou-se entre os mongóis. Beber leite e transformá-lo em queijo e iogurte era o combustível dessas sociedades das estepes que dominaram vastas regiões do mundo. É provável que os mongóis tenham introduzido na Europa o habito de beber leite. Com as primeiras vacas chegando em S.Vicente, em S. Paulo, difundiu-se para o resto do país. Mas no Pantanal, a historia é diferente. As vacas chegaram com os espanhóis e com os padres que edificaram a primeira cidade do MS (Santiago de Xerez) e algumas pequenas missões entre Aquidauana e Miranda.
Indígena não bebe leite.
Mas os indígenas, mesmo aqueles que pastoreavam vacas, como os guaicurus, não conheciam esse hábito. Existe um documento, escrito por um militar espanhol, que diz com toda clareza: “Se dedicaram a criar e sustentar pequenos pares de vacas e ovelhas, mas sem fazer uso do leite“. Talvez não bebessem leite pela inexistência de uma mutação. Existe um intenso debate sobre a necessidade de mutação para que o humano possa beber leite. Diz a hipótese que durante muito tempo não conseguíamos decompor a lactose, o açúcar do leite. Era devido a essa incapacidade orgânica que não bebíamos leite.
Fazendeiro não criava gado, colhia.
O mundo pantaneiro era quase da “idade da pedra”, quase não havia modernidade. Além de indígenas não beberem leite, o trabalho em uma fazenda era extremamente rudimentar a ponto de ser comum dizer que “lá não se criava gado, mas colhe-se gado”. As tarefas começavam em setembro. Os vaqueiros saiam a campo, localizavam as manadas de gado selvagem, chamado “bagual”, e as conduziam para um curral. Laçavam rês a rês e as marcavam cortando as orelhas ou com ferro em brasa. Os touros eram castrados, enquanto se separavam as vacas que estivessem em período de lactação. E finito. Os trabalhos estavam finalizados. De março a agosto restava o ócio. Uma minoria dedicava-se a alguma cultura de subsistência.