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Em Pauta

Indigenismo pantaneiro: a rusga entre Mal. Rondon e Cel. Jejé

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 12/08/2024 09:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

O Marechal Cândido Rondon dispensa apresentação. É uma das raridades de nossa história, unindo gregos e moçambicanos na mesma admiração. Para o pantaneiro de Miranda e Aquidauana, todavia, mais importante que Rondon só o Coronel Jejé. Era o proprietário da histórica fazenda Taboco e o politico mais influente dessa região por dezenas de anos. Foi Jejé quem travou uma verdadeira guerra - com milhares de combatentes - com os gauchos da fronteira e contra Jango Mascarenhas e Bento Xavier, dois importantes rebeldes da região de Nioaque.


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Ofaiés no Pantanal.

O povo Ofaié era o típico habitante das margens do rio Paraná, no território onde hoje fica Brasilândia, muito distante do Pantanal. Mas, escorraçados por outros indígenas, alguns deles foram viver na gigantesca fazenda Taboco. De tempos sem tempos, apareciam na sede da fazenda pedindo fumo, rapadura, machados, facões, foice e cobertores. Não toleravam o sal e expeliam qualquer comida salgada. Causavam constrangimento para os moradores da fazenda por andarem totalmente nus. Eram recebidos com pequenos pedaços de morim ou de chata, para cobrir o sexo. Assim que saiam da fazenda, iam tirando o tapa-sexo e jogando nos galhos das árvores. Mas o que causava maiores problemas era o costume dos ofaiés de cortar os arames das cercas para fazer flechas, soltando todo o gado nas matas e pelo costume de comer o feto de vacas prenhas.


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O caso do menino sequestrado.

Mandu era seu nome. Um menino filho de uma índia ofaié com um índio terena. Os ofaiés o sequestraram. Os terenas foram reclamar para o coronel Jejé, que armou um grupo de uns quinze homens e mandou persegui-los. Os ofaiés, atacados, fugiram e deixaram o Mandu deitado em sua cama. Pelo menos um ofaié foi baleado. Esse caso tornou-se famoso na região.


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Rondon contra Jejé.

Certo dia, o coronel Jejé foi a Corumbá comprar dobradiças e fechaduras para a casa que estava construindo. Lá chegando, hospedou-se no mesmo hotel onde estava hospedado Rondon. O futuro marechal, na época era tenente, interpelou asperamente o Jejé. O coronel de Aquidauana relatou a matança das vacas, o roubo de arame e o sequestro da criança. Terminou dizendo a Rondon que era muito fácil sanar esses casos: bastava pagar pelas vacas perdidas.


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A reclamação ao governador e a fuga dos terenas.

Rondon apresentou uma queixa ao governador do Jejé. O mandatário nunca respondeu a Rondon. Na época, Jejé tinha mais importância politica que o tenente. Mas Rondon não se deu por vencido. Pediu aos funcionários do Serviço de Proteção ao Índio para o levarem à aldeia Limão Verde, em Aquidauana. Provavelmente, influenciados por Rondon, os indígenas do Taboco fugiram, foram viver bem longe, nas margens do rio Negro.

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