Menina Benigna, uma santa brasileira contra o feminicídio
Em 2019, o Papa Francisco aprovou a beatificação de Menina Benigna. Todavia, a cerimônia foi desmarcada por causa da pandemia. Para boa parte do Brasil, Benigna já é uma santa. Sua história vai muito além da religiosidade. Benigna se converteu em um dos maiores símbolos nacionais de respeito às mulheres. Há romarias na região e excursões a seu humilde túmulo.
O medo da Menina Benigna.
Era 24 de outubro de 1.941. Benigna pegou uma vasilha de barro e foi buscar água em um poço que havia perto de sua casa. Órfã de um casal de agricultores, a menina de 13 anos tinha sido adotada por uma senhora na cidade de Santana do Cariri, no Ceará. Benigna parecia tensa nos últimos dias. Havia comentado o medo que sentia de Raul, um jovem de 17 anos, que a assediava. Todavia, o padre e sua avó não tiveram a ideia de pedir proteção contra um jovem que parecia "normal". Ambos a aconselharam a mudar de escola para não encontrar com o rapaz.
O feminicídio de Benigna.
Naquele 24 de outubro, Raul assediou Benigna. Tentou estuprá-la. Apesar da força usada, Benigna conseguiu soltar-se do rapaz. Mas não resistiu aos golpes de machado que lhe atingiram as mãos, o pescoço e o rosto, quase a decepando. Foi tão brutal que a comunidade deu um novo significado à tortura e assassinato de Benigna, passou a enxergar seu sofrimento como um martírio.
Santa Menina Benigna.
Benigna era o melhor exemplo de uma menina cristã. Não deixava que suas amigas cortassem folhas em vão e pedia aos professores que lhes dessem as palmadas que as colegas receberiam na escola. A cidade inteira gostava de Benigna. Os primeiros milagres que os devotos afirmam que Menina Benigna lhes concedeu, foi a cura de centenas de casos de câncer. Há algumas décadas, rezam à Menina Benigna para que interceda por elas, para sobreviver à violência dos homens. Menina Benigna poderá ser a primeira santa contra o feminicídio.