Não há raças de cães mais perigosos ou mais dóceis
Um pitbull é mais perigoso que um shitszu? Um dálmata jamais terá o mesmo comportamento de um chihuahua? Esse é o conhecimento popular universal que está sendo desmentido por uma imensa pesquisa publicada na revista científica Science recentemente. Fizeram o estudo genético de 2.000 exemplares de cães de 78 raças diferentes e cruzaram com as respostas de uma enquete com 18.000 donos e resultado desmentiu a possibilidade de uma raça ter comportamentos ditados por seus genes, ter pré-determinado seu comportamento. A raça de um cachorro não diz muito sobre sua personalidade.
A raça explica apenas 9% do comportamento.
Ainda que se acredite que tal raça é boa com as crianças e outra é mais assustadiça, na hora da verdade, quando se adota um cão, é impossível saber se terá o caráter esperado. A raça só explica 9% na variação de comportamento. Os pesquisadores dizem que a idade, a socialização na infância, possíveis eventos traumáticos e o entorno onde o cão foi criado é que ditam o comportamento de um cão.
Os cruzamentos foram feitos por motivos estéticos e não comportamentais.
Os cães foram auto-domesticados há 15.000 anos, tinham interesse em compartilhar suas vidas com os humanos. Durante milênios foram cruzados, sempre buscando a melhor sociabilidade com as pessoas. Em meados do século XIX, começaram a isolar raças em torno de características físicas: dálmatas com manchas, mastins enormes.... alguns com orelhas mais pontudas, longitude dos pelos.... mas todos os cães são praticamente os mesmos, constituem uma única espécie, a "receita" é a mesma.
Não são como as ervilhas de Mendell.
A estética e não o comportamento foram os fatores determinantes depois do XIX. A pesquisa não encontrou evidências genéticas que determinem comportamentos de cães. Eles não são como as ervilhas de Mendell (lisas ou enrugadas, verdes ou amarelas). Muito pelo contrário, há uma enormidade de genes ditando os comportamentos dos cães individualmente. E nem a genética é fundamental.