Nasce a percepção do sofrimento dos animais
Atualmente, discute-se se todos os animais têm consciência. A tese é de que a consciência é muito mais antiga que os humanos. Os últimos avanços na neurociência da consciência, mostra que essa qualidade que acreditávamos ser exclusivamente nossa, não se localiza na parte dianteira do cérebro, que é a que mais cresceu durante a evolução humana, e sim na região traseira, que compartilhamos com os outros animais.
Professor polvo.
A consciência está confirmada em outros mamíferos, e possivelmente, em outros vertebrados e invertebrados. Quem assistiu o famoso documentário "O que o polvo me ensinou", que mostrou cabalmente que esses animais marinhos são conscientes, viu que eles desenvolveram consciência. Os animais sofrem e sentem dor. Uma aspirina ou paracetamol alivia a dor de humanos e de animais igualmente.
Apuleyo e o "Asno de Ouro".
Aparentemente, a consciência animal é uma questão moderna. Mas ela já estava presente no "Asno de Ouro", escrito por Apuleyo, o único romance romano do século II d.C. que permaneceu intacto até nossos dias. Apuleyo influenciou Shakespeare, Boccaccio e Flaubert, entre outros. Trás a atribulada história da viagem do jovem Lucio que se hospeda na casa de uma mulher versada nas artes mágicas. Ele ingere uma poção e é transformado, por engano, em um asno, sem perder, no entanto, sua consciência humana. Passa por uma série de provações e começa a perceber o sofrimento dos escravos e dos mais humildes. Como asno, carregando carga pesada, começa a entender que os animais também sofrem. Apesar de tudo, "Asno de Ouro" é um romance pitoresco, na linha de D. Quixote de La Mancha, além de apresentar atividades sexuais um tanto explícitas.