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Em Pauta

O capitalismo chega ao Pantanal com Laucidio Coelho

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 10/07/2024 11:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Até as primeiras décadas do século passado, o Pantanal entre Aquidauana e Miranda era um lugar ermo. Sua principal riqueza, a vaca, tinha de caminhar até Uberaba, em Minas Gerais, para ser vendida, chegava esquálida e quase sem valor. As relações entre patrões e empregados eram similares às existentes na Idade Media europeia: ainda que recebessem salários, não tinham onde gastar. A única fazenda onde havia luz elétrica era o Taboco, que recebera um motor levado desde Poços de Calda, também em Minas Gerais.


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Laucido Coelho e seu automóvel.

Laucido tinha fazendas em Rio Brilhante. Diferente de outras dezenas de fazendeiros, fora levado a S.Paulo e ao Rio de Janeiro por seu padrasto. Na capital paulista, deslumbrou-se com a luz a gás existentes nos postes das ruas. Também conheceu automóveis e bondes. Era outro mundo. E nunca mais perdeu o contato com o mundo capitalista. Começou a conduzir boiadas de Rio Brilhante até S.Paulo e não parou. Foi de lá que a sua família adquiriu um Ford, símbolo fundamental da modernidade. Apesar de ter muito trabalho para entender e "domar" essa máquina, perseverou e ampliou a frota.


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Voa capitalismo, nas asas do Laucido.

Constituída uma razoável fortuna em Rio Brilhante, Laucidio adquiriria muitas terras no Pantanal. Era uma nova aventura. A impossibilidade de levar automóveis para o Pantanal, que não trafegavam em terrenos alagadiços, o fez pensar em inaugurar a era dos aviões pantaneiros. Havia facilidade em fazer campos de aviação nos cerrados ralos pantaneiros. Laucidio e seu cunhado, Etalivio Pereira, alertaram os pantaneiros quanto ao uso e prazer de voar. Muitos fazendeiros compraram aviões. Outros se associaram a linhas aéreas que se comprometiam a descer semanalmente nas fazendas carregando correspondência e artigos de primeira necessidade. O capitalismo tinha asas.


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E chegam os estranhos investidores.

Laucidio não parou. Levou ao Pantanal uma estranheza: homens milionários dispostos a investir fortunas no Pantanal. Até Laucidio, o Pantanal conhecia o capitalismo somente na Fazenda Barranco Branco, em Porto Martinho, e na usina de manganês de Corumbá. Eram investimentos provenientes da Bélgica. Mas não eram modelos, ninguém sabia como funcionava. Laucidio começou a levar capitalistas de S.Paulo. Em pouco tempo, Sebastião Camargo Correa, empreiteiro; Luiz Antônio de Barros, sobrinho de Ademar de Barros; Sebastião Paes de Almeida, o rei do vidro plano; Tião Maia, dos frigoríficos; e até mesmo o presidente João Goulart, tempos depois, levaram dinheiro ao Pantanal. E havia gente ainda mais estranha. Um grupo francês e o alemão da Krupp. A Lancia, fabricante de carros da Itália. Pela primeira vez, havia muito dinheiro no Pantanal.


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