O homem que desmontou os unicórnios
Ainda que hoje a luta contra as pseudociências siga tão vigente como sempre, houve um tempo em que as fronteiras entre a ciência e a superstição era tão difusa que grandes científicos caiam de cabeça nos mitos. O caso mais célebre foi de Issac Newton que acreditava piamente em dragões. No século XVII, o pioneiro desse combate foi o italiano Francesco Redi. Jogou por terra os mitos das víboras que bebiam vinho, da geração espontânea, criada por Aristóteles e de que a maioria dos venenos surgiam na vesícula biliar.
Um dinamarques caçador de unicórnio.
Na mesma época de Redi, viveu o médico dinamarquês Ole Worm, a quem devemos a maior desilusão das lendas populares: os unicórnios não existem. Mais conhecido por seu nome latinizado Olaus Wormiua, era um neto de milionário que não teve de suar pelo sustento. Passou a vida estudando nas melhores universidades de seu tempo: Pádua, Paris, Basileia e Marburgo. Era um erudito enciclopédico. Lecionou medicina, física, grego e filosofia. Foi condecorado, no entendo, como o "caçador de unicórnios".
Gabinete de curiosidades e o fim do unicórnio.
Worm, como alguns milionários dessa época, tinha um "gabinete de curiosidades", uma imensa coleção de milhares de espécies da natureza e de artefatos etnográficos. Também tinha como mascote um pinguim gigante, o ultimo dessa espécie hoje extinta. Essa coleção era tão gigantesca que seu catálogo tinha 400 páginas. Worm caçou muitos mitos, entre eles o da ave que saia do paraíso e voava até morrer, sem nunca pousar na terra. Mas seu maior feito foi comprovar que os unicórnios não existiam. Foi dramático. Leonardo da Vinci havia deixado claríssimas instruções de como prender um unicórnio. Bastava colocar à sua frente uma mulher virgem, que serviria para aplacar a fúria do cavalo chifrudo. Também acreditavam no "alicornio", um polvo tão chifrudo quanto o unicórnio. Worm comprovou que ambos não existiam.