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Em Pauta

O ronco da barriga é o fator decisivo

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/12/2016 07:13
O ronco da barriga é o fator decisivo

O governo sabe que mais importante que o grito das ruas é o ronco das barrigas. O desemprego leva à fome. A base aliada de Temer se divide em duas pontas, uma deseja que o governo gaste mais para animar a economia. A outra, advoga o aprofundamento do ajuste fiscal tocado por Meirelles, para que a redução dos juros pelo Banco Central possa estimular a atividade econômica. Temer está de acordo com o ajuste, até porque sabe que aumentar o gasto público via endividamento será o caminho mais rápido para escangalhar de vez o que já está ruim.

Ao contrário de Levy, que não tinha o apoio de Dilma e do PT, Meirelles tem o suporte de Temer. Resta saber se o presidente continuará tendo apoio de uma base aliada desesperada com as ações do judiciário e se os resultados dos ajustes não aparecerem em um prazo razoável. Há sinais inequívocos de que são aliados "pero no mucho". Um dos mais importantes nesse cenário é o governador paulista. Diante de interlocutores que o indagam sobre as chances de o governo federal ganhar a confiança dos empresário, trazendo de volta os investimentos, Alckmin descreve categoria por categoria que recebeu reajustes e cita a despesa total: "R$ 58.107.787.532,08 até 2019". E compara com sua gestão que não reajusta salários do funcionalismo há três anos e fez a reforma da Previdência.

O ronco da barriga é o fator decisivo

O mundo diz "Não" aos políticos

O primeiro anti político a mostrar suas garras foi Berlusconi. Criado no vácuo do "Mani puliti", o italiano fanfarrão fez história. O mundo não parou mais de dizer não aos políticos, com ações de juízes ou só com a internet. O governo colombiano sofreu um duro reves no plebiscito para criar a paz com as Farc. Também vieram o Brexit na Grã Bretanha, o crescimento de Marine Le Pen na França, o crescimento dos comunistas (com roupas de anti políticos) e a vitória dos milionários brasileiros.

É claro que Trump é o ápice desse movimento. Agora, o mundo respira apreensivo devido às eleições na Áustria e o plebiscito italiano. Na Áustria a ultra direita perdeu, por 31 mil votos, para um candidato dito independente. Conseguiu anular as eleições e,agora, retorna com alguma força a mais. É bem provável que vença. Também na mesma semana, ocorrerá o plebiscito italiano. Uma proposta eminentemente técnica de reestruturação do país, aplaudida por todos estudiosos do assunto, com amplo apoio internacional, será derrotada. Renzi é o político a ser derrotado. Caso ocorra, sairá da cena política. Quem assumirá a liderança da Itália será Grillo, um ex- comediante que faz do riso sua arma para atacar políticos de todos os lados.

Uma mistura de Tiririca com Berlusconi. Por enquanto, a história da queda dos políticos no mundo tem seu "The End" com o retorno de Berlusconi. Ele divide com Grillo a liderança dos revoltosos. Estamos na era da pós verdade. O que interessa é o que sentimos. A verdade pouco importa. Basta alguém gritar com força, e alguma dose de credibilidade, que a maioria o seguirá.

O ronco da barriga é o fator decisivo

Acreditavam que o demônio invade o corpo de quem dorme de barriga para cima

Não consegue dormir oito horas por noite? Dorme de barriga para cima? Então, de acordo com os nossos recentes antepassados, ate o início do século passado, você estaria se expondo aos mais variados perigos, de uma paralisia à invasão de espíritos malignos.

O sono era perigoso. Era visto como um estado em que o mundo natural se encontrava, e chocava, com o mundo sobrenatural. O demônio poderia se aproveitar desse encontro de mundos e pregar na consciência dos humanos. Inúmeros horrores esperavam aqueles que dormiam de barriga para cima, Alê da invasão do demônio, poderia fazer com que os fluidos dos pulmões, rins e intestinos fossem para o cérebro. Poderiam receber a visita de "incubos", espíritos malignos que se sentavam sobre o peito das vítimas e as paralisavam.

Assim, surgiu um emaranhado de rituais e hábitos para maximizar os benefícios do sono e minimizar seus perigos. As camas passaram a ser cuidadosamente limpas, o demônio vive na sujeira, era o pensamento. Colocavam objetos religiosos sobre elas para afugentar os demônios. Mantinham pequenos potes ou copos cheios de lavanda ou de camomila para lançar nos demônios que surgissem.

Os hábitos noturnos eram monitorados de perto: orações eram quase obrigatórias. Os dorminhocos eram aconselhados a dormir com a cabeça elevada - surge a importância de usar vários travesseiros - para prevenir regurgitação durante o sono. Para evitar a regurgitação ensinavam a virar o corpo para o lado direito. Depois, deveriam virar para o esquerdo, a fim de liberar os gases intestinais e ajudar a digestão.

Outra rotina popular era dormir em blocos. Ou seja, em dois ciclos com intervalo de uma ou duas horas, tempo usado para ler, rezar, lidar com tarefas domésticas, fazer sexo ou mesmo beber cerveja.

O ronco da barriga é o fator decisivo

O século XXI desvalorizou o sono.

Diante de todas as crenças do passado sobre os hábitos noturnos, as pessoas estavam melhor preparadas para uma boa noite de descanso que estamos atualmente. Ainda que esses hábitos nos pareçam estranhos, as pessoas daquela época gastavam mais tempo na regulação do sono. O lazer noturno possível para todos (no passado era apenas para homens) e a tecnologia diminuíram os hábitos de sono. É importante reconhecer que a cultura e o ambiente, e não apenas a biologia, têm um papel fundamental na construção das rotinas e rituais que envolvem o sono e impactam em sua qualidade.

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