Obesidade é difícil, é como ter que perder 10 cm de altura
A provocação é de autoria do cientista que descobriu a leptina, o conhecido hormônio da saciedade. Jeffrey Friedman o cientista mais famoso do momento, afirma que: "ainda que tenhamos a sensação de que o peso excessivo é algo que possa ser controlado apenas com força de vontade, depois de uma análise científica com muita gente, percebemos que a capacidade real de controlá-lo é um pouquinho maior que controlar a estatura". Com essa comparação descabelada e irônica, Friedman joga por terra as pretensas facilidades de controlar o peso. Você pediria a alguém de 1,80m perder dez centímetros de altura?
Há muitos mecanismos influenciando o peso.
Friedman explica que na hora de tentar emagrecer, há muitos mecanismos controlando a fome no hipotálamo. O hipotálamo é menor que um grão de bico. Agora extraia desse grão de bico sua cabeça que é denominada "núcleo arqueado". Esse pequeníssimo núcleo tem neurônios de dois tipos: alguns te fazem sentir fome quando estão ativados, e outros te fazem sentir saciedade. A esse pequeno arco do hipotálamo chegam hormônios, como a leptina, a insulina e a grelina. São esses hormônios que ativam e desativam os neurônios do núcleo arqueado. Controlam o balanço entre a fome e a saciedade.
Os hormônios medem a energia que há no corpo.
Esses hormônios - especialmente a leptina, insulina e grelina - estão medindo a energia que há em teu corpo. Quando detectam que cai a energia corporal, vão até o núcleo arqueado e dizem: "ponha em marcha a fome para recuperar a energia". Também dizem o contrário: "detenham o gasto diminuindo o esforço físico". São nossos hormônios que condicionam o funcionamento do cérebro. E os mecanismos usados pelos hormônios são altamente complexos, complementares e sinérgicos. Por isso é tão difícil controlar a fome.
Ao ativar a redução da fome com um medicamento, o corpo responde impedindo.
Veja bem, se você ativar um mecanismo para reduzir a fome, outros mecanismos que temos no corpo são imediatamente ativados para tentar evitar a redução da fome que você produziu com a administração de um medicamento. Os cientistas já conhecem esse conjunto de mecanismos cerebrais. As empresas farmacêuticas estão trabalhando alucinadamente para encontrar um medicamento que solucione o problema. Isso quer dizer que todos temos gigantesca dificuldade para sairmos da obesidade. Não é uma mera questão de vontade, como muitos acreditam.