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Em Pauta

Onde é mais perigoso: Ponta Porã ou uma favela carioca?

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/10/2021 08:54
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Morreu Rafat. Morreu a segurança em Ponta Porã. Essa é a verdade que não querem aceitar, mas que ninguém esquece. A história da fronteira com o Paraguai está cheia de momentos decisivos como esse. No passado mais distante - anos 1980 - quem impedia a mortandade eram os madeireiros. Chegaram a criar uma insígnia para o contrabando da madeira paraguaia: "intrabando". Era benéfico para o Brasil. Impedia a ascensão dos narcotraficantes e, ao mesmo tempo, trazia madeira que não era nossa.


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Os "turcos da fronteira", contrabandistas, que garantiam a paz.

Mas a história dessa fronteira não é muito diferente de outras. Houve um tempo em que roubar uma galinha em Ponta Porã era quase impossível. Os "turcos da fronteira", homens que dominaram o contrabando durante muitas décadas, não podiam deixar que suas atividades aparecessem nas manchetes dos jornais. Eram duros, inflexíveis e, sob a vigência da lei da pena de morte, impediam o domínio da criminalidade para os cidadãos de Ponta Porã. A lei era muito simples: não se rouba e não matam cidadãos da fronteira.


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Sob o império de Olacir de Moraes.

Ponta Porã teve uma chance de sair do domínio do contrabando, foi quando Olacir de Moraes montou uma das maiores produções de grãos do mundo. Mas a cidade não percebeu essa porta, deixou passar a chance. O megaprojeto de Olacir, virou um assentamento. Em torno da metade dele é uma favela rural. Também sobrevive do contrabando.


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O oásis das faculdades de medicina.

O governo paraguaio estima que 15 mil estudantes estão matriculados nas oito faculdades de medicina de Pedro Juan Caballero. A cidade se tornou um oásis para brasileiros que sonham com a profissão. Esses jovens vivem sob os auspícios de duas guilhotinas: a de não conseguir validar o diploma no Brasil e a de não ter uma saudável vida de universitário, um tempo destinado aos estudos e às baladas. Devem viver enclausurados.


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Não há segurança alguma.

Quem não entender essa dura realidade, correrá grandes riscos. As mortes de Kaline Reinoso e de Rhannye de Oliveira, são doloridas, seus parentes e amigos devem estar vertendo todas as lágrimas da vida. Mas devem servir de aprendizagem do óbvio: a fronteira passou para o domínio dos narcotraficantes, assassinos contumazes. Vocês, estudantes, não estão seguros em nenhum momento. As balas perdidas ou "achadas", podem te encontrar. Onde é mais perigoso viver: em Ponta Porã ou em uma favela carioca? Não há resposta certa e nem segura.

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