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Em Pauta

Onde tratar dependentes químicos e doentes mentais

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 07/11/2024 10:12
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A informação é dura. Boa parte dos dependentes químicos e doentes mentais, necessitam de tratamento para redução de danos. Significa que há desesperança para a cura definitiva deles. O local para tratar esses casos é no CAPS - Centro de Atenção Psicossocial. Eles cuidam de casos como depressão e autismo. Para os dependentes de álcool e de drogas, existem os CAPS AD, as letras “AD”, significam “álcool e drogas”. A quase totalidade das pessoas que frequentam os CAPS AD são homens. A maioria são negros.


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Não isolar.

Os tratamentos preconizados pela psiquiatria moderna são para que nada pareça com uma prisão, um manicômio. Essas pessoas devem permanecer em convivência com a família, amigos e comunidade. Há, por outro lado, aqueles que estão ou estiveram em conflito com a lei, aqueles que cometeram crimes. Só a justiça pode encaminhá-los para os CAPS.


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Movimento contra manicômios.

Há décadas, o mundo passou a fechar os manicômios. Com o fim dessas prisões, o SUS passou a receber os dependentes químicos e doentes mentais através da “Rede de Atenção Psicosocial” - RAPS. Os CAPS fazem parte dessa rede. Há ainda, outros serviços, como ambulatórios e alas de psiquiatria de hospitais. As pessoas podem se dirigir a um CAPS livremente, os serviços são gratuitos.


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Situação de rua e CAPS.

Algumas pessoas tratadas nos CAPS vivem em situação de rua. No Brasil há clara conexão entre dependentes químicos e doentes mentais e a vida nas ruas. Com a falta de esperança, buscam conforto na bebida ou nas drogas. Também é difícil separar tudo isso com a falta de saúde mental. Alguns começam a usar drogas justamente por estarem em sofrimento psíquico. E ainda há o inverso, de tanto usarem droga, adoecem.


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Comunidades terapêuticas são manicômios disfarçados?

Um dos locais que mais recebem essas pessoas são as comunidades terapêuticas. São instituições privadas. A maior parte delas funcionam em chácaras onde as pessoas ficam internadas por meses. Isoladas da família e do mundo. Elas funcionam na lógica da abstinência, de uma “limpeza” ou “cura”. Esse é o primeiro problema. Várias pesquisas mostram que a abstinência não é um método que funciona para todos. Pelo contrário, acabam ficando presas em um circulo vicioso de internação e recaída, internação e recaída… Vira e mexe, rolam denúncias de violações de direitos humanos e de trabalhos forçados. A imensa maioria desses lugares não tem preparo algum para atender dependentes e doentes. O fato delas estarem espalhadas pela zona rural não facilita a fiscalização. Muitos psiquiatras as consideram “manicômios disfarçados”. Apesar disso, recebem verbas do governo federal.


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Então, onde tratar?

Há 630 comunidades terapêuticas no Brasil financiadas pelo governo. Menos da metade delas apresentou um projeto de tratamento de doentes para receber esses recursos. Funcionam na base do “vamos ver se cola”. Então, está claro aquilo que é duvidoso. Mas, quando buscamos alternativas, o tamanho do buraco aparece. Os dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil tem apenas 469 CAPS AD, aquele para tratar dependentes de álcool e droga. Menos de um terço deles tem leitos e funcionam 24 horas. Campo Grande tem apenas dois, totalizando vinte leitos.

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