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Em Pauta

Os primeiros hospitais não tinham médicos e nem medicina

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 07/07/2024 09:30
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Há uma renhida disputa sobre a origem do hospital. Na Antiguidade, seriam eles romanos, turcos ou gregos? Com o declínio romano, a história medieval coloca em Paris o primeiro prédio que recebeu o nome de "hospital", aliás, não era bem hospital, era "hospício". E aí vem outra complicação. "Hospício" ou "hospital" não era local para acolher doentes, recebia estrangeiros ("hostis", em latim). Mas, como era esse primeiro hospital?


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A cruz e o estandarte.

Estamos no verão de 1.189. O rei Filipe II, da França, tomará parte nas cruzadas. Arrecadou o "dízimo de Saladino", para financiar as armaduras dos combatentes cristãos e pagar os dos pajens dos nobres. Mas antes de partir para guerrear contra as tropas muçulmanas de Saladino, tentou deixar Paris "em ordem". Mandou construir um muro de nove metros de altura e três de largura em volta de Paris. E, para adular os súditos, mandou ampliar o "Domus Dei", o local onde acolhiam os andarilhos miseráveis. Era o primeiro hospital, pelo menos no Ocidente. O que mais interessava nesse local era um imenso crucifixo na entrada. A saúde só podia vir da religião. Além, é claro, do estandarte do rei, prova de que ele se preocupava com os pobres, um marketing dos poderosos nos tempos medievais. O equivalente das plaquinhas de inauguração que os atuais poderosos colocam em hospitais e postos de saúde.


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Trocando a palha. Três na cama.

Antes de partir, os leitos de palha foram completamente refeitos. Ou seja, o rei doou toda a palha de seu palácio para o hospital. Nas camas de madeira, os pobres deitavam-se de três em três, às vezes mais, de acordo com a procura. O lugar "bom" no leito era o que tinha vista para a cruz. De onde mais poderia vir a esperança para a cura e a saúde? Não havia médicos, apenas os clérigos que tinham um embrião de cultura médica. Duas vezes por semana, passava o barbeiro com seu bisturi: fazia curativos, extirpava abcessos e amputava membros.


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Aceitavam todos, menos epiléticos e "pestilentos".

Esse hospital aceitava todos mundo. Ou melhor: aqueles que imaginavam serem contagiosos, como os pestilentos, ou os epiléticos (chamavam de "grande mal") não eram aceitos. Além disso, recebiam milhares de peregrinos, pedintes e os trabalhadores da construção da catedral, que eram mão de obra voluntária. Sem médicos, e sem medicina, os primeiros hospitais legaram serviços de má qualidade.

 

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