Por que a Rebeca Andrade ganha tantas medalhas?
Existe, e a ciência vem explicando há tempos como você pode conseguir sucesso. Para desespero de muitos medíocres, a ciência está descobrindo que todo mundo (e isso inclui você) teria potencial para ser a bolacha mais recheada do pacote. Mas é difícil e muita coisa pode dar errado. A ciência diz com clareza que nascemos todos com as mesmas chances de brilhar. A questão da classe social tem peso, mas não basta para você encontrar a tua equação do sucesso.
99% transpiração.
Talvez você tenha ouvido a lenda de Mozart, o menino prodígio com talento imensurável. A vocação de Mozart, em verdade, não apareceu do nada. Seu pai era professor de música e desde cedo dedicou sua vida a educar o filho. Quando criança, Mozart raramente brincava, passava boa parte dos dias na frente do piano. Mesmo treinando intensamente, ao longo de quinze anos consecutivos, sua primeira obra realmente genial foi aparecer aos 21 anos. Há alguns anos, cientistas ingleses e alemães resolveram estudar pessoas talentosas para entender o que as diferenciava dos reles mortais. Investigaram pianistas profissionais. Pianistas são excelentes cobaias, eles sabem executar a musica ou não. O problema foi que os cientistas não conseguiram encontrar alguém com habilidades excepcionais entre os 257 pianistas investigados - todos eram igualmente dotados. A única diferença encontrada é que os fracassados tinham passado muito menos tempo estudando do que os bem-sucedidos. Não faltou talento, faltou dedicação.
10 mil horas de dedicação.
Não é mole. Os cientistas descobriram que com menos de 10 mil horas de treino você dificilmente será um Ronaldo Fenômeno ou uma Rebeca. Quem passa essas 10 mil horas treinando - ou estudando - tem uma característica muito ressaltada: o autocontrole. É ele que permite que a pessoa não lembre que seria muito legal dormir ou ir ao boteco do que treinar ou estudar. Essa pesquisa foi feita pela Universidade de Stanford, nos EUA. Davam marshmallow para crianças com a opção de comê-lo imediatamente ou esperar um tempinho. Se as crianças esperassem, ganhariam de recompensa um segundo marshmallow. Apenas um terço das crianças aguentavam esperar, o resto comia o doce afoitamente. Depois, os pesquisadores acompanharam o desenvolvimento dessas crianças por décadas. Era mais importante ter treino e autocontrole que QI ou condição social.
A misteriosa motivação.
Motivação e ambição são meio misteriosos, na verdade. Não funciona para todos da mesma maneira. Em termos de evolução, faz todo sentido. Durante séculos de seleção natural, alguns poucos ambiciosos foram escolhidos para conquistar os melhores pares, os maiores pedaços de comida e os cargos de liderança. Infelizmente, toda essa fartura não pode ir para todos - e a maioria teve de aprender a se satisfazer com pouco. É a dura realidade. Dinheiro também não é a solução para todos os problemas. Nem sempre funciona como um bom motivador. Tem um estudo da Universidade Clark, EUA, mostrando que para resolver problemas de lógica, o dinheiro só atrapalhou. Aqueles que foram recompensados financeiramente para chegar à solução levavam muito mais tempo que os sem grana. Tem de acreditar que está fazendo algo relevante. É muito mais eficiente para a motivação.
E lá vem a sorte.
É duro dizer, mas sucesso depende também de uma boa quantidade de sorte. Estar na hora certa e lugar certo é muito importante. Algumas vezes, vale mais que muito tempo de treino ou de estudo. Há um estudo comparando Robert Oppenheimer com o homem de maior QI do mundo, um tal de Christopher Langan. A mãe do Langan era desleixada, deixou de preencher a papelada para ele cursar o melhor curso de física do mundo. Adiós Langan, o homem que provavelmente seria o “pai da bomba atômica” ou algo ainda maior que o Oppenheimer. Langan tinha QI 195. Para comparar, Einstein tinha 150. Langan aprendeu a ler sozinho aos três anos, aos 15 desenhava retratos tão realistas que pareciam fotografias, aos 16 gabaritou o vestibular. Mas fracassou. Não teve sorte. Sua mãe errou e definiu sua sorte.
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