Por que é cansativo pensar muito? Poderia ser o glutamato

Em 10 de setembro de 1.984 começava um dos campeonatos mundiais de xadrez mais apaixonante da história. Se enfrentavam um jovem de 21 anos, denominado Kasparov e Karpov, 12 anos mais velho. Depois de um início furioso de Karpov, com quatro vitórias seguidas - o campeonato era melhor de seis - Kasparov foi vencendo empatando até a exaustão. Em 9 de fevereiro de 1.985, cinco meses depois do início, deram o campeonato por empatado. A decisão havia sido tomada por cansaço mental e deterioração física dos jogadores. Mas ficava no ar uma pergunta: por que pensar muito cansa tanto? O mundo se abria para pesquisas que respondessem essa indagação.

Moléculas essenciais podem ser tóxicas quando em excesso.

Algumas universidades francesas resolveram constituir grupos que estudassem essa questão. A conclusão a que chegaram é a de que as tarefas mentais que exigem maior esforço geram um acúmulo de moléculas essenciais, mas quando estão em excesso, tornam-se tóxicas para as células cerebrais.

Medindo o cansaço mental e o excesso de glutamato.

Os cientistas criaram dois grupos de pessoas para o teste. No primeiro, as exigências de raciocínio eram muito mais complexas que no segundo grupo. Observaram a dilatação da pupila - pesquisas anteriores mostraram que o movimento do olho se detém e dilata quando o problema é de difícil solução -, também mediram a atividade do córtex prefrontal - o chamado cérebro executivo, como também desenvolveram provas de rendimento e cansaço. Os resultados dessas provas mostraram um nível maior de glutamato nas sinapses - as conexões entre as terminações nervosas. Tudo indica que o glutamato, em excesso, é o responsável pelo cansaço mental.

Quero prêmios!

Mas as pesquisas francesas também descobriram outra novidade inimaginável. Quanto maior o cansaço mental, o grupo mais exigido passava a pedir recompensas mais imediatas. Há um elo entre cansaço mental e pedir recompensas.