ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 26º

Em Pauta

Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/12/2015 07:55
Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços

Prisão de Delcídio pode levar o governo a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços.

A prisão de Delcídio cancelou a pauta de votações do Congresso Nacional e os parlamentares não aprovaram o projeto que reduz a meta de superávit primário do governo de R$55,3 bilhões para um déficit de R$51,8 bilhões. Com isso, a presidente Dilma ficou em uma sinuca de bico: ou descumpre determinação do TCU, já que a meta fiscal não será atingida, ou baixa decreto quase paralisando o governo. Um novo corte de gastos poderá levar a algo parecido ao "shutdown" feito pelo governo dos Estados Unidos em 2013, que significa a redução das atividades governamentais ao essencial.

Deputados e senadores só se reúnem hoje e ninguém consegue prever o resultado e nem a data dessa votação. Aliás, ninguém consegue prever quando o Congresso voltará a funcionar depois da prisão. No governo, o Ministério do Planejamento é contrário a novos cortes e dos pagamentos do que é devido por prever consequências desastrosas. Também avaliam que a lei não é clara e, por isso, não há obrigação expressa de realizar os cortes. Mas, o outro lado do governo federal diz que há o risco de não fazer os cortes e o TCU diz que Dilma cometeu crime no atual mandato, o que poderia levar a novo pedido de impeachment pela oposição. Membros do TCU apontam que a Lei de Responsabilidade Fiscal que haveria uma "infração administrativa" tipificada pela Lei de Crimes Fiscais, um crime de irresponsabilidade. Em suma, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços
Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços

A nova onda sobre carros. Volkswagen: você conhece, você desconfia.

A General Motors só não quebrou porque o governo dos Estados Unidos saiu em seu socorro. O mesmo ocorreu com a Chrysler. Empresas desse tamanho, quando quebram, causam comoção pública. E a Volkswagen, quebrará após a maracutaia do diesel? Ela está sujeita a multas pesadíssimas. Calculam algo como US$100 bilhões. Valor que abala qualquer empresa, até mesmo a poderosa empresa alemã. O mais provável é que o governo alemão faça gigantescos aportes para salvá-la.

Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços
Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços

Pão mais caro em 2016.

Menos da metade da produção brasileira de trigo prevista poderá ser usada para consumo humano. Geadas e chuvas, no Paraná e no Rio Grande do Sul, derrubaram a produtividade e a qualidade do cereal. Com isso, o Brasil, que já é um dos maiores importadores de trigo do mundo, terá de ampliar ainda mais as compras no exterior. Estima-se que algo como 6,6 milhões de toneladas terão de ser importadas (5,3 milhões de toneladas na última safra). Trata-se do maior volume desde 2013. Os brasileiros são ávidos pelos produtos derivados do trigo - consumimos nada menos de 11 milhões de toneladas por ano. Com o aumento da importação, especialmente dos Estados Unidos e Canadá, o preço do trigo será elevado e aumentará o preço do nosso pão de cada dia.

Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços
Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços

Yahoo X Facebook, o caso das licenças paternidade e maternidade.

A poucas semanas de ser pai pela primeira vez, Mark Zuckerberg, o poderoso gerente do Facebook, tomou uma decisão que é pouco comum nos Estados Unidos e no Brasil: tirará licença-paternidade de dois meses quando a filha nascer. Algo como 80% dos homens não tiram mais do que três dias para auxiliar nos primeiros cuidados com a criança que acaba de nascer.

No outro lado do mundo empresarial está Marissa Mayer, uma das raríssimas mulheres com enormes poderes. A poderosa gerente da Yahoo tirou apenas duas semanas de licença-maternidade quando nasceu o primeiro filho. Ela está novamente grávida, de gêmeos, e já anunciou que procederá da mesma forma.

Todos os estudos mostram que quando pais trabalhadores tiram tempo para estarem com seus bebês recém-nascidos, os resultados são melhores para as crianças e suas famílias. Mas para Marissa há um peso adicional, por ser mulher, necessita mostrar que é tão "profissional" quanto seus pares masculinos. Licença-maternidade ou paternidade não é sinal de fraqueza. Pelo contrário: uma sociedade que penaliza a parentalidade está condenada à mediocridade e ao envelhecimento das ideias. Vale lembrar que a licença-paternidade brasileira é de cinco dias e que um projeto de lei que a ampliaria para 15 dias, como nos países mais desenvolvidos, está mofando no Congresso Nacional.

Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços
Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços

Um preso custa R$1.800 por mês. É um investimento do governo para ampliar a violência futura.

A política é o maior obstáculo à segurança pública. Lula fez o mesmo que FHC fizera e que Dilma faz agora - nada. Há uma disfuncionalidade histórica e absurda das polícias. Polícia militar e civil brigam entre si, não porque não se gostam, mas pela natureza em que foram criadas. E vão perdendo poder e funções, a mais recente derrota é para o Ministério Público que ocupou o espaço mais vistoso, através do Gaeco e do comando da segurança, que antes pertenciam aos policiais.

Enquanto o crime se organiza em escala transnacional, nossas polícias são provincianas. O resultado são 56 mil homicídios dolosos por ano, dos quais só 8% são investigados. Mate e espanque à vontade é o resultado da inércia. Ao contrário do que alguns apregoam, o Brasil não é a terra da impunidade, porque temos a quarta maior população penitenciária do mundo, com 640 mil presos. Mas apenas 12% deles cumprem prisão por homicídio e espancamento. É inacreditável, mas 66% estão nas cadeias nacionais por tráfico de drogas e pequenos furtos. Enquanto os assassinos se divertem nas ruas. Os que estão nas cadeias são jovens, negros e pobres. É irracional. Um preso custa R$ 1.800 por mês. É um investimento do governo para garantir e ampliar a violência futura.

No cotidiano os policiais praticam violações e sofrem violações, muitas vezes assombrosas. A ideia original e elogiável de substituir a invasão bélica pela abordagem comunitária se perdeu. Essa ideia tem um grave equívoco - só daria certo com outra formação policial e com os governos atuando fortemente nas periferias das cidades. Há outro ponto raramente debatido - a história de convivência de cada cidade. Algumas apresentam um forte histórico de busca da legalidade cotidiana de todo e qualquer afazer, e o mais importante - a boa convivência. Outras, especialmente as fronteiriças, vivem em uma economia considerada ilegal - contrabando e similares - onde a convivência é determinada pela competição irrefreada, e por vezes sanguinária, entre as várias quadrilhas e seus "empregados indiretos". Nelas, é "legal" ser ilegal. A questão da segurança jamais será apenas da polícia. A tese da "janela quebrada", dos professores de Harvard, tem de ser plantada e frutificar. A cada pequeno delito, como uma janela quebrada por jovens vândalos, a população da cidade tem de se insurgir, tem de se manifestar. Um pequeno contrabando de gasolina para um assentamento tem de ser denunciado e cerceado. Talvez assim, poderemos recomeçar para alguns e iniciar para outros.

Prisão de Delcídio pode levar a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços
Nos siga no Google Notícias