Quando a vacinação deve frear a mortandade no Brasil
Mário Sérgio Lorenzetto | 03/04/2021 07:00
O mais amplo estudo feito sobre a época em que veremos a queda de mortes devido à pandemia foi realizado pela Impulso Gov, uma entidade que tem como objetivo ajudar Estados e Municípios a coletar e analisar dados dos serviços de saúde. A entidade recorreu a 12 bases de dados de saúde pública e ao Ministério da Saúde. A partir daí, traçou três cenários da vacinação no país.
24 grupos prioritários com quase 74 milhões de pessoas.
O plano de imunização do governo federal considera 29 grupos como sendo prioritários na fila de vacinação. Ao todo, segundo o governo, são 77 milhões de pessoas. A Impulso Gov descobriu que há alguns milhões de duplicidades, idoso e ao mesmo tempo professor, por exemplo. Para a entidade serão quase 74 milhões de pessoas a serem vacinação e não 77 milhões.
Respeitando o cronograma de vacinas do Ministério.
A cesta de vacinas que o Ministério da Saúde pretende aplicar é composta por vacinas do Butantã, Fiocruz, Pfizer, Jansen, Sputnik V e a indiana Covaxin. A Sputnik V e a Covaxin dificilmente serão aprovadas pela Anvisa no primeiro semestre. Com todas as vacinas que o ministério afirma que entregará no primeiro semestre, teríamos a vacinação de 210 milhões de brasileiros antes de dezembro de 2021. Esse é um quadro otimista. Beira a irrealidade.
Com Butantã e Fiocruz a todo vapor.
O Brasil vem administrando a vacina do Butantã em larga escala. O laboratório paulista é responsável por aproximadamente 83% das vacinas. Há uma promessa, ainda não cumprida, mas possível, de que a Fiocruz venha a produzir 1 milhão de doses ao dia. O estudo computa esse quadro como o mais provável. Dificilmente apresentará grandes falhas. Toda a população adulta seria vacinada até dezembro de 2021.
Com metade das vacinas prometidas pelo Butantã e Fiocruz.
A Impulso Gov ainda traz um estudo pessimista, com metade da produção nacional. Nele, os idosos acima de 60 anos e profissionais da saúde, seriam imunizados até junho. E toda a população adulta só receberia as duas doses em 2022.
A Impulso Gov ainda traz um estudo pessimista, com metade da produção nacional. Nele, os idosos acima de 60 anos e profissionais da saúde, seriam imunizados até junho. E toda a população adulta só receberia as duas doses em 2022.
O impacto nas mortes. É fundamental vacinar acima de 60 anos.
Segundo o estudo, vacinar a população acima de 60 anos já ofereceria grande impacto porque, no Brasil, cerca de 70% das mortes acontecem entre idosos. Mesmo com o crescimento das internações de jovens, os índices de mortes de idosos sofreram pequena redução. Já há metade de internações de jovens, mas mortes continuam a ceifar mais idosos.
Segundo o estudo, vacinar a população acima de 60 anos já ofereceria grande impacto porque, no Brasil, cerca de 70% das mortes acontecem entre idosos. Mesmo com o crescimento das internações de jovens, os índices de mortes de idosos sofreram pequena redução. Já há metade de internações de jovens, mas mortes continuam a ceifar mais idosos.
Mortes no pior cenário de vacinas.
Mesmo no pior cenário de vacinação, aquele com a metade das doses que provavelmente o Butantã e a Fiocruz entregarão, a estimativa do estudo é de que em maio, a média móvel (que considera os setes dias de cálculo) ficará abaixo de 1 mil por dia. Também afirma que, provavelmente no final de abril a pressão sobre os hospitais e leitos de UTI arrefecerá.
Mesmo no pior cenário de vacinação, aquele com a metade das doses que provavelmente o Butantã e a Fiocruz entregarão, a estimativa do estudo é de que em maio, a média móvel (que considera os setes dias de cálculo) ficará abaixo de 1 mil por dia. Também afirma que, provavelmente no final de abril a pressão sobre os hospitais e leitos de UTI arrefecerá.
O desvio com as cepas mutantes e a liberação das medidas restritivas.
O estudo não levou em conta a disseminação nacional das cepas mutantes do vírus. Também chama a atenção para a continuidade das medidas restritivas. E diz, com toda clareza, que não ficaremos abaixo de 1 mil mortes diárias nem em maio, caso as mutantes tomem conta do país e as cidades afrouxem as medidas restritivas.
O estudo não levou em conta a disseminação nacional das cepas mutantes do vírus. Também chama a atenção para a continuidade das medidas restritivas. E diz, com toda clareza, que não ficaremos abaixo de 1 mil mortes diárias nem em maio, caso as mutantes tomem conta do país e as cidades afrouxem as medidas restritivas.