Quando surgiram os hospitais? Os conceitos de doença e pobreza
Os primeiros hospitais de que se tem notícia surgiram 431 anos antes de Cristo, no Ceilão, atual Sri Lanka. E foi na Ásia, que o hospital como pensamos nos dias atuais surgiu. Um imperador hindu, denominado Asoka, criou esse lugar apropriado para doentes. Na Europa, a ideia de hospital surgiu em Roma. Em torno de 100 anos depois do hindu, os romanos ergueram seus "valetudinária", exclusivamente para cuidar de seus feridos em batalhas. Com a queda do Império Romano Ocidental, esse conhecimento foi esquecido. Os doentes passaram a ser tratados como no Brasil atual, "cheirando cloroquina", com poções milagrosas e em suas casas.
A Cruz e o Estandarte.
Estamos no verão de 1189, e o rei Filipe II da França tomará parte nas Cruzadas. Arrecadou o "dízimo de Saladino" para financiar as armaduras e os pajens de armas do exército real. Mas, antes de partir para guerrear em terras longínquas, o augusto rei, tentou deixar sua cidade em ordem. Antes da partida, esse rei que não era tão inútil como todos os da história mundial, fez construir um muro com nove metros de altura e três de largura. E, para adular os súditos, o soberano ampliou um antigo prédio para acolher os andarilhos miseráveis que pululavam em Paris, e que não hesitavam em mendigar, roubar e até agredir os burgueses da bela capital. Um enorme crucifixo foi instalado para lembrar a todos os presentes que a saúde só podia vir da religião.
Leitos de palha.
Antes desse meio inútil, e o rei (via de regra, todos são inúteis) partir para a Cruzada, os leitos de palha foram completamente refeitos. Ou seja: antes de sair galopando para Jerusalém, "em toda sua bondade", o rei doou toda a palha do palácio para o hospício. Os pobres poderiam dormir melhor... Nas camas de madeira, os indigentes deitavam de dois em dois, às vezes três, às vezes mais. Não raro, de ponta-cabeça. O "lugar bom" nesse leito era o que tinha vista para a cruz. Mas de onde mais poderia vir a esperança e a saúde?
Mortalhas e barbeiros.
As freirinhas dedicavam parte de seu tempo a costurar mortalhas. Porque morria muita gente nesse hospício: um quarto dos pacientes não se recuperava. Taxa similar ao dos hospitais públicos nacionais pandêmicos. Em cada leito (poderia ser a atual UTI), havia - a escolher - o doente, o moribundo e o morto. Nesse hospital não havia médicos, apenas os clérigos que administravam "tratamentos" com poções benzidas, milagrosas. Ainda não existia o milagre da cloroquina, ivermectina, que não necessitam ser benzidas. Duas vezes por semana, passava o barbeiro com seu bisturi: fazia curativos, extirpava abcessos e amputava os membros gangrenados.