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Em Pauta

Quatro mil soldados brasileiros atolados em Mato Grosso do Sul

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 04/08/2024 09:08
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Engana-se quem imagina que a Retirada da Laguna e a destruição de Corumbá foram as únicas atrocidades ocorridas em solo sul-mato-grossense durante a Guerra do Paraguai. Entre Rio Negro e Aquidauana, quatro mil soldados ficaram literalmente atolados no Pantanal. A metade foi devorada pela fome e pela beribéri.


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Recolhendo soldados.

O Exército brasileiro estava despreparado para a guerra. Após a invasão das tropas guaranis no território que hoje é o Mato Grosso do Sul, foi enviado um contingente militar para combater os invasores. Em abril de 1.865, uma coluna partiu do Rio de Janeiro e foi arrebanhando soldados em S.Paulo, Minas Gerais e Goiás. Estavam sob o comando do coronel Manuel Pedro Drago que não tinha sequer ideia das dificuldades de atravessar o Pantanal. Percorreram mais de dois mil quilômetros até alcançar Coxim, em dezembro desse mesmo ano. A cidade estava abandonada e não dispunha de viveres para alimentar tanta gente. Enviaram alguns batedores para descobrir como seria atravessar um terreno tão alagadiço.


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Acampados no Rio Negro.

As forças ficaram estacionadas no Rio Negro longas semanas. Por causa das muitas chuvas que caiam e da inundação pantaneira, sofreram indizíveis calamidades. Estavam literalmente sitiadas pelas águas. O acampamento era apenas um charco.


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Beribéri desconhecido.

Começou a aparecer um mal desconhecido até então e que atacava, ora lentamente, ora de chofer, matando quase de súbito. Os médicos estavam aterrorizados e não conseguiam decidir como combatê-lo. Era o beribéri de que ainda não se tinha falado em todo o Brasil. A doença, causada pela falta de vitamina B, ceifou centenas de vidas.


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Atolados!

A travessia do Rio Negro até a fazenda Taboco, em Aquidauana, foi medonha. As forças tiveram que vencer quilômetros de lama. Muitas centenas de pessoas, mulheres, crianças, carroceiros, soldados morreram atolados no lodo. Ninguém explicou como a artilharia conseguiu transpor esse terreno alagado. Sem exagero, dizem os historiadores, haviam morrido em menos de seis meses mais de 2.000 praças. Apesar de tudo, a deserção foi pequena.


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Plano de maluco.

A confusão reinava no novo comando da tropa. O velho comandante José Antônio da Fonseca Galvão, falecera durante a travessia. Em seu lugar, assumira um coronel que chegara de Cuiabá. Tinha planos gigantescos, meio amalucados. Tentou convencer seus comandados de descer pelo rio Miranda, subir o rio Paraguai e atacar a Corumbá dominada pelos soldados de Solano Lopes. Só havia um “pequeno” problema: não dispunham de uma canoa sequer. O doidivana de Cuiabá, apelidado Poaya persistiu na maluquice. Oficiou ao governo do Rio de Janeiro, empregando tom belicoso, e já vencedor sem batalha, pedindo permissão para seu intento. Meses depois, a resposta veio com a chegada de novo comandante. O coronel Camisão colocou ordem na doidura e conduziu a tropa para Nioaque, lugar tido como extremamente saudável.

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