Quem tem medo de Lula? Quem será seu ministro da Fazenda?
Segundo as pesquisas eleitorais - antigas e recentes - Lula será o próximo presidente da República. Existe, inclusive, alguma possibilidade do barbudo vencer no primeiro turno. A competição entre Lula e Bolsonaro apresenta algumas peculiaridades. É raro que as tendências dos votos sejam tão estáveis como neste momento. Tampouco é frequente que, cem dias antes das eleições, em torno de dois terços dos eleitores tenham sua preferência tão definida como agora. A volatilidade dos votos é mínima. E esse essa mínima perspectiva de mudanças que mantém viva a candidatura de Ciro Gomes. Os demais candidatos concorrem tão somente por uma vaga de ministro no próximo ano. Não existem.
A fratura social.
Bolsonaro é preferido por aproximadamente 30% dos eleitores. Mas quando as pesquisas ficam em quem recebe mais de 3 salários mínimos, esse percentual sobe para próximo de 50%. Isso quer dizer que no país há uma fratura social inquietante. Neste momento, parece estar dissimulada. É habitual que muitos homens de negócios expressem seu descontentamento com as incorreções de Bolsonaro. Todavia, confessam que nas urnas, apostaram em Bolsonaro.
Os três temores.
As classes média alta e a alta temem claramente Lula. Não há subterfúgios. Temem o retorno à obsoleta legislação trabalhista, muito mais rígida custosa. Lula se opôs à nova legislação impulsionada por Michel Temer e aprovada em 2017. Ultimamente, parou de dizer que a legislação trabalhista voltará a ser a antiga. Diz, agora, que haverá uma "revisão", algo que ninguém sabe o que significa, muito menos ele. Outro foco radica no setor agropecuário. Bolsonaro levou a quase zero as ocupações de terra e jogou o real no chão. Muita riqueza do campo foi produzida no banco. A terceira barreira reside na convicção de Lula elevará o endividamento do país. Os desequilíbrios fiscais serão imensos.
Quem será o Ministro da Fazenda de Lula?
Esse panorama se torna ainda mais preocupante pela total falta de visão econômica de Lula. Em seu mandato anterior, viveu de uma bonança excepcional, causada pelo crescimento astronômico das compras chinesas. Esse quadro não retornará. Hoje o mundo é outro, muito mais restritivo e convulsionado. As elites mantém um restolho de esperança na assunção de algum nome competente e respeitável para o Ministério da Fazenda. Há muita expectativa de que Lula recorra a Henrique Meirelles, nome que relaxaria o empresariado. Há outras duas figuras que os analistas, e as fofocas de Brasília, colocam em posição de espera. Uma é Josué Gomes da Silva, presidente da poderosa FIESP e filho de José de Alencar, ex-vice presidente de Lula. Uma jogada original seria entronizar Tasso Jereissati, líder do PSDB e um dos nomes mais respeitáveis do empresariado. Quase todos os tucanos estão tingindo suas plumas de vermelho.