Segundo Censo 2015, muitos jovens e crianças deixaram de frequentar as escolas
Alguém precisa explicar os motivos do Mato Grosso do Sul ter diminuído 99 mil matrículas nas escolas de suas crianças e jovens.
Acaba de ser publicado o Censo Escolar 2015. Somando todas as crianças e jovens, nas redes municipais e estaduais, o Estado deixou de receber 99.407 em seus educandários quando comparado com o ano anterior. São 7.989 crianças nas creches a menos que em 2014. Na pré-escola o número de crianças não matriculadas é ainda pior - 11.396 a menos. No ensino fundamental foram 54 mil a menos e no médio 24 mil jovens deixaram de frequentar as escolas. O que está acontecendo com a educação nos municípios e na rede estadual?
Curso de engenharia: os paraguaios foram para a USP.
Durante décadas a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul foi o centro de formação de jovens paraguaios que pretendiam estudar engenharia. Foi, deixará de ser. O governo paraguaio, que planeja investir US$ 10 bilhões em infraestrutura, acaba de firmar parceria com a USP. A universidade paulista criará um curso específico para formar profissionais na área da construção civil. Mais uma demonstração de inaptidão da UFMS que nunca enxerga para além de seus muros.
Brasil x Chile, a disputa pela educação.
No próximo 8 de outubro, a seleção brasileira de futebol estará nos campos chilenos disputando a Eliminatórias para a Copa do Mundo. Os brasileiros estão esperançosos com seu futebol. Mas há outra disputa onde os resultados são ruins, ano após ano, quando se compara a educação brasileira com a chilena. No estádio chileno estarão presentes duas torcidas: a chilena será constituída por 40% com ensino médio completo, a brasileira terá 33%. Caso os torcedores brasileiros tenham de fazer contas básicas quando estiverem no estádio, por exemplo, qual o troco a receber na compra de um cachorro-quente, apenas 33% terão condições de solucioná-las. Pelo lado da torcida chilena, 49% saberão resolver problemas básicos em matemática como esse.
Não é para menos. Os professores brasileiros usam tão somente 64% do tempo de aula para transmitir conteúdo, os chilenos usam 85%; eles não brincam em serviço. E pior, os alunos brasileiros prestam atenção apenas durante 23% da aula, os outros 77% tem a cabeça no espaço sideral. Os chilenos prestam atenção durante 80% do tempo da aula. Caramba. Essa é uma goleada vergonhosa: 80 x 23. Uma tese vigora há décadas no Brasil: falta dinheiro para a educação. Será? O Brasil gasta com o ensino, do básico ao universitário, 5,8% de tudo o que produz (PIB). O Chile gasta 4,3%.
Há uma medida que o Chile adotou há dez anos, copiando de muitos países, que o Brasil não tem coragem de adotar. Não é a "medida que salvará a educação", pois ela não existe solitariamente, mas colocaria a nossa educação "nos trilhos": os professores são avaliados periodicamente e seus salários aumentam conforme o desempenho e não de acordo com as greves. Professor chileno mal avaliado duas vezes seguidas é demitido. No Brasil, esse professor com má avaliação, facilmente pode virar "delegado sindical" ou ainda pior, continuar na sala de aula ensinando "abobrinha". O resultado do jogo do dia 8 de outubro ninguém conhece, mas nas salas de aula estamos levando uma goleada (mais uma).
Os desafios existentes nas Olimpíadas gregas.
Não há dúvida de que os jogos olímpicos gregos se assemelhavam muito aos espetáculos esportivos atuais. Tinham várias exibições de poderio ou habilidade física que despertavam entusiasmo do público. Mas, para os gregos, esses enfrentamentos tinham um significado mais profundo. Em sua mente, o espetáculo evocava episódios de seu passado remoto. Os jogos olímpicos mais antigos, inclusive no relatado por Homero em sua Ilíada, eles aconteciam por um motivo concreto: as cerimônias fúnebres organizadas por Aquiles em honra de seu companheiro Patroclo, morto na guerra.
A melhor manifestação da sobrevivência da mentalidade que dominava os jogos se encontra na prova que abria os Jogos de Olímpia: a corrida de carros de combate. Bigas, puxadas por dois cavalos e quadrigas, por quatro cavalos. Os senhores da guerra desde os tempos da Idade do Bronze, exibiam seu prestígio sobre seus carros de guerra. Eram as provas mais vibrantes e prestigiadas, a que despertava maior interesse. Essa prova apresentava a singularidade de que a vitória não recaía sobre o condutor do carro, mas sim sobre o dono ou dona do carro vencedor. É claro que somente os nobres possuíam cavalos em condições de vencê-las.
O programa das competições sofreu pequenas mudanças com o tempo. Ainda que os jogos durassem sete dias, quatro somente com cerimônias, se concentravam em três dias. Após a corrida de carros, vinham as provas equestres. Continuava com o pentatlo - salto, luta, lançamento de disco e de dardo e corrida pedestre. Uma das provas mais controvertida era a de salto: os saltadores tinham de sustentar um peso em cada mão e executavam um salto múltiplo. Talvez cinco saltos seguidos por pausa entre um e outro, com o que se alcançavam marcas de 16 metros. Seguiam-se as provas de luta, como o boxe, que terminava quando um dos competidores levantava as mãos ou por nocaute. Mas a luta mais popular - "palé" - era a que alcançava maior popularidade. Tudo era permitido, menos morder e meter os dedos nos olhos. Finalmente, se celebravam as provas de velocidade. A jornada se completava com uma corrida de ida e volta pelo estádio e outra de resistência em que davam 24 voltas na pista. Uma das últimas provas inventadas pelos gregos foi a corrida com armaduras, mais tarde ficaram apenas os escudos e as armaduras desapareceram.
Os prêmios dados nos Jogos Olímpicos gregos.
Os jogos eram encerrados com a cerimônia de entrega de prêmios. Cada um dos vencedores era proclamado como "o melhor entre os gregos" e recebia uma coroa vegetal. As coroas eram de oliva em Olímpia, de laurel em Delfos, de ápio fresco em Nemeia e de ápio seco em Corinto. Uma fita vermelha era amarrada na cabeça do vencedor. São prêmios dados nos tempos em que eles deixaram de ser praticados. Em outros tempos anteriores, os prêmios eram carregamentos de ferro, éguas, mulas, cabeças de gado, armas e até mesmo formosas mulheres. Também ganhavam isenções de impostos ou ser mantidos às expensas de sua cidade para o resto da vida, premiação que se estendia a sua família e descendentes. Mas o que mais almejavam não era material - a glória. Sonhavam em ser imortalizados em poemas que proclamassem suas façanhas, onde eram equiparados a heróis míticos. Davam, também, muito valor às estátuas que saudavam suas vitórias. Muitas esculturas eram colocadas em torno ao templo de Zeus em Olímpia, como se fossem mortais que, iguais aos heróis do passado, haviam merecido a honra de olhar nos olhos de seus deuses.