Tristes trópicos: as medalhas do Brasil e dos vizinhos
Só voltaremos a nos lembrar das Olimpíadas dentro de quatro anos. Na segunda-feira nos esqueceremos que existem os jogos que prenderam nossa atenção por duas semanas. E, por pior que seja, essa é uma boa constatação. A verdade é que o Brasil melhorou seu desempenho nas Olimpíadas gradativamente. Nosso primeiro ouro foi em 1.920, com o tiro. Só voltaríamos ao pódio cinquenta anos depois, com Ademar Ferreira da Silva no atletismo. Trinta anos passaram até Moscou, quando em 1.980, a vela nos trouxe ouro.
Por que não somos uma potência olímpica?
Nas últimas seis Olimpíadas trouxemos 17 medalhas em três delas. O recorde foram 21 medalhas em Tóquio. Nas duas intermediarias, tivemos resultados de 19, no Rio de Janeiro, e as 20 de Paris. Há uma fórmula que garante muitas medalhas, mas nenhum governante brasileiro a implantou: muito dinheiro em esportes que tenham melhores condições de nos dar medalhas. O modelo vencedor é o da Grã Bretanha.
Como ganhar medalhas?
A Grã-Bretanha criou uma loteria esportiva que renderia todo seu lucro para alguns esportes. Os investimentos saltaram de 5 milhões de libras anuais para 274 milhões de libras. O pais saltou do posto 36 no quadro de medalhas em 1.996 para o segundo na Olimpíada do Rio 2016. Mas ela só investe em modalidades que podem dar medalhas. O Brasil não tem coragem de criar esse tipo de loteria e nem de estudar para investir melhor. Em 1.990 criamos o Ministério do Esporte que receberia só 2% da Mega Sena.
Tem motorista de app.
Um levantamento da Olimpíada passada - não há um atual - revelou que, dos 309 atletas brasileiros em Tóquio, 42% não tinham patrocínio algum e pior, 19% viviam com menos de dois mil reais por mês. Há outros dados perversos: 13% só foram a Tóquio fazendo vaquinhas. E uma informação mostra bem o que é nosso esporte olímpico: um deles era um motorista de aplicativo, aqueles rapazes que trabalham 16 horas por dia.
Somos os melhores na América do Sul.
O Brasil computou em sua história olímpica 171 medalhas em Paris. Nossos arrogantes “hermanos argentinos” não tem nem a metade: conquistaram tão somente 80 medalhas. Depois, vem um abismo. A Colômbia tem 37, o Chile levou 15, o Uruguai e o Equador tem 10 medalhas cada, o Peru levou 4, o Paraguai tem uma e a Bolívia nenhuma. Tristes trópicos, só lembram das Olimpíadas na hora de pegar o avião.