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Em Pauta

Uma história dos juros. O Anarquista e o Capitalista

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 12/07/2024 09:40
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Lula transformou o debate sobre os juros em grave questão nacional. Se o presidente pudesse, o Brasil teria juros zero. Essa não é uma nova questão, vem desde a Babilônia. Mas o debate mais incendiário sobre juros ocorreu em 1.849. É dele que borbulha todas as ideias tidas como novidades. E não são.


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Bastiat versus Proudhon.

Em 1.849, nas paginas de "La Voix du peuple" (A Voz do Povo), ocorreu um debate entre dois deputados franceses. De um lado estava Fréderic Bastiat, um defensor do livre comércio. Do outro, Pierre-Joseph Proudhon, um dos mais famosos anarquistas, mais conhecido hoje por seu lema "propriedade é roubo". Bastiat era um satírico. Defendendo suas ideias, mostrava o inverso.


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Bastiat, o satírico.

Dizia que as empresas estatais improdutivas, como por exemplo, as fabricantes de velas, solicitavam uma lei exigindo que as pessoas fechassem suas persianas e cortinas contra a luz do sol para que mais velas pudessem ser vendidas. Demolia as estatais, mostrando que eram ( e são ) inutilidades escandalosas.


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Juros é roubo, conforme Proudhon.

As ideias de Proudhon eram antigas. Proclamava o anarquista que,juros é "usura e pilhagem". Usura era uma troca desigual imposta por quem emprestava dinheiro a outrem. Juros, conforme Proudhon, era uma "recompensa para a indolência" e eram a causa básica da desigualdade e da pobreza. "Chamo os juros de roubo", dizia o anarquista. Cobrar por empréstimos restringe a circulação do dinheiro, dizia ele, causando a "estagnação dos negócios, com desemprego na indústria, dificuldades na agricultura e a iminência crescente da falência universal". Não havia nada de original na crítica de Proudhon. Ele queria nacionalizar o Banco da França e expandir a oferta monetária, reduzindo a 0,5% as taxas de juros, apenas para cobrir os custos, Não haveria mais dívidas. As insolvências e as falências diminuiriam. O consumo se elevaria. Os trabalhadores teriam emprego garantido.


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Tempo é dinheiro!

Bastiat recorria a Benjamin Franklin. Conforme o norte-americano, o "tempo é precioso, tempo é dinheiro". Juros é cobrar pelo tempo. Bastiat afirmava: "Disso se depreende que os juros são naturais, justos e legítimos, mas também úteis e lucrativos, inclusive para aqueles que os pagam". Longe de inibir a produção, o capital faz com que o trabalho seja mais produtivo. Longe de instigar o antagonismo de classes, Bastiat acreditava que o capital beneficiava a todos, "particularmente as classes sofredoras. Bastiat previa um desastre caso os planos de Proudhon fossem colocados em prática. Não havendo recompensa, não haveria empréstimos. Seria abolir o capital. As poupanças desapareceriam. A abolição dos juros só beneficiaria os ricos, pois os trabalhadores não teriam como atender os requisitos para arrumar um empréstimo. "Quais garantias você trabalhador oferece, suas terras, suas casas, seus bens? Nada tinha a oferecer além de seus braços". Haveria menos empresas, enquanto o número de trabalhadores permaneceria o mesmo. O capital fugiria do país. Os salários seriam reduzidos. Se os bancos emprestassem livremente, haveria uma enxurrada de papel-moeda circulando. Viria uma mega inflação. Sobreviveria a desordem. Promoveria o ódio de classe e a barbárie.

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