Uma longa e disputada história: Sapiens
O berço da humanidade foi deslocado para o Marrocos. Uma equipe de cientistas descobriu nas escavações de Jerbel Irhoud restos humanos de 300.000 anos, que atribuem ser a origem de nossa espécie. Até agora, os primeiros Homo sapiens teriam aparecido, como caídos de um paraquedas, há 195.000 anos sobre alguns pontos da Etiópia.
As escavações marroquinas são conhecidas desde 1960, quando alguns mineiros toparam com cavidades habitadas no Período Paleolítico. Desenterraram vários fósseis humanos, associados a afiadas ferramentas feitas de sílex - uma rocha muito dura. Inicialmente, foram datados em 40.000 anos para logo depois, receberem nova datação de 160.000. Agora, uma equipe dirigida pelo paleoantropólogo francês Jean-Jacques Hublin encontrou mais fósseis humanos, incluindo uma caveira e uma mandíbula. Uma nova datação, com as últimas tecnologias, aponta que essas pessoas viveram há 300.000 anos.
A cara do Sapiens do Marrocos.
Os restos de Jerbel Irhoud sugere que a cara daqueles humanos passaria despercebida em qualquer rua do mundo. Seu cranio, todavia, era mais achatado e não tão alto como o dos humanos modernos. São denominados Homo sapiens porque pertencem à origem de nossa linhagem. Mas não são gente como nós, porque seu cérebro tinha muito ainda para evoluir até chegar onde estamos.
O novo achado, anunciado há pouco na revista científica Nature, confirma que efetivamente o Homo sapiens veio da África, ainda que não da Etiópia. Há, ainda outro cranio africano a ser melhor estudado e bem esquecido pelos cientistas. Em 1932, descobriram um cranio que foi datado provisoriamente em 260.000 anos. O local dessa descoberta é Florisbad, na África do Sul.
Homo sapiens era até agora uma espécie sem passado. Aparecia como do nada no registro fóssil africano. Mas, gradativa e lentamente, vão sendo cobertos os buracos desse passado a ser explicado.
Era o Sapiens um homem grego?
Uma rocha de uma gruta de Apidima, um precipício salpicado pelas ondas do Mediterrâneo, no sul da Grécia. Foi nesse lugar que encontraram outro cranio para disputar a primazia de ser o primeiro Sapiens. Em um primeiro momento foi atribuído a neandertal. Não era Sapiens. A espécie prima da nossa que ocupou a Europa durante centenas de milhares de anos antes de extinguir-se misteriosamente há 40.000 anos.
Agora, uma equipe de paleoantropólogos voltou a datar o cranio e o reconstruiu em três dimensões para analisar sua fisionomia em detalhes. Os resultados, também publicados na Nature, apontam que esse cranio têm 210.000 anos, o que o converteria no Sapiens mais antigo, senão do mundo, mas pelo menos da Europa.
O Homem de Pequim.
Há 80 anos, o paleontólogo chinês Pei Wenzhong encontrava os restos do que depois seria reconhecido mundialmente como "O Homem de Pequim", a maior descoberta arqueológica na Ásia. E 2 de dezembro de 1929, em uma caverna na localidade de Zhoukoudian, perto de Pequim, o pesquisador desenterrou uma caveira completa. Segundo os especialistas, pertencia a um homem de meia idade, de um metro e meio de altura e características similares a um homem chinês da atualidade. Pelos últimos estudos, esse homem teria vivido há 750.000 anos. Para muitos especialistas ocidentais, seria um caso de pré-sapiens. Para os chineses, não resta dúvida, o primeiro Sapiens veio da China.
A Mulher da Sibéria.
Quem não deseja ser o país sede do primeiro Sapiens que surgiu na Terra? Os russos também têm seu "Sapiens" para apresentar: O Homem Denisovano. Encontrado na caverna de Denisova, na Sibéria, também chamado de "Mulher X", pois era do sexo feminino, primeiro foi identificado como sendo de uma nova espécie. Em seguida, passaram a afirmar que não pertence à mesma migração que saiu da África e foi à Europa. Seria de uma tribo diferente. Mas, para os russos, a Mulher X foi a primeira "Eva". O mais estranho é que até hoje, essa Mulher X continue sendo chamada de "Homem da Sibéria ou Denisovano" pelos especialistas.