Violência doméstica: o que pensam os jovens?
Um em cada quatro jovens, de 15 a 19 anos, considera normal a violência nas relações de um casal. Essa é a resposta obtida em uma pesquisa feita na Europa com 1.247 pessoas. Ainda que a sensibilização frente a violência tenha crescido entre os jovens - 87% considera que é um problema social grave -, um em cada quatro entende que "a violência doméstica é um tema politizado que é muito exagerado".
Estes dados corroboram outros trabalhos feitos no mundo todo sobre a sobrevivência e, inclusive, aumento momentâneo de comportamentos violentos entre os jovens. Não há pesquisa similar realizada no Brasil. As pesquisas conduzidas em nosso país visam tão somente o fato ocorrido, o passado. Não interrogam o futuro. É uma visão obsoleta.
Os jovens continuam praticando principalmente a violência psicológica contra as mulheres. É um padrão cultural muito arraigado. Pensam que os ciúmes são uma prova de amor. Esta ideia segue viva entre muitos jovens de ambos sexos. O controle, a violência psíquica é uma das primeiras manifestações de comportamento que pode derivar em violência física. O Brasil só sabe combater a violência com violência. Nunca pensa em um combate que envolva ideias, inteligência. O leão é mais forte e violento que o homem. O urso e o rinoceronte são ainda mais fortes e violentos. Todos perderam a disputa para o fracote humano. A inteligência venceu, e continuará vencendo, a violência.
A cidade dos punhais.
Imaginem uma cidade habitada por cidadãos irascíveis, desonestos e rixentos. Seria permanente o risco de morrer e permanente, portanto, a terrível angústia, neutralizando qualquer evolução normal. A autoridade da cidade quer então suprimir estas condições pavorosas... mas cada magistrado e concidadão não aceita, sob nenhuma condição, que lhe proíbam trazer um punhal no cinto! Depois de longos anos de preparação, a autoridade decide debater em público o problema e propõe este tema de discussão: comprimento e corte do punhal individual a ser trazido no cinto durante os passeios?
Enquanto os cidadãos conscientes não tomarem a dianteira graças à lei, à justiça e à polícia para impedir as punhaladas, a situação ficará a mesma. A determinação do comprimento e do corte dos punhais autorizados só favorecerá os violentos e belicosos e lhes submeterá os mais fracos.
Seguem as matanças nos EUA. Segue o debate sobre armas de fogo.
Outro mês, outro massacre. Outubro arrancou com a pior matança por armas de fogo na história dos Estados Unidos. 60 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas, vítimas de um atirador postado na janela de um hotel em Las Vegas. Um ex-militar, assassinou 26 pessoas e feriu outras 20 enquanto celebravam uma missa em uma diminuta cidade do Texas. Novembro começou e já acompanhamos outro massacre.
A posse de arma voltou ao debate político por lá e no Brasil. É parte da ressaca que açoita os EUA dos loucos e o Brasil das gangues de drogas.
Quantas mortes serão necessárias para que o consenso se imponha sobre esse assunto? Quantos cadáveres teremos de suportar para que entendam que não se pode fazer campanha para que todos se armem? Elejam seus candidatos, aumentem a fortuna dos fabricantes de armas, mas não transformem as armas em um instrumento corriqueiro, comum a todos cidadãos. Não criem facilidades para os que se dispõem a assassinar. Ainda restarão paus, pedras, facas e armas clandestinas.
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