Você faria o exame para saber se terá Alzheimer?
Um estudo que acaba de ser publicado na revista científica Nature nos coloca frente a indagação médica, ética e até mesmo filosófica: você faria o exame para saber se terá Alzheimer? Se desse positivo, mudaria tudo em tua vida? Esse estudo também aporta novos conhecimentos sobre as causas da doença.
Amostras cerebrais de 3.000 falecidos.
Um dos grandes problemas para estudar o Alzheimer é a impossibilidade de cortar o cérebro de pessoas vivas. O Hospital Sant Pau de Barcelona estudou o cérebro de 3.000 falecidos, além de scanear o cérebro de 10.000 vivos. Descobriu que quem tem duas cópias do gene da apolipoproteina 4 - mais conhecido como APOE 4 - terá quase 100% de chances de desenvolver o Alzheimer. A "boa" notícia é que essa duplicidade "só" ocorre em 2% ou 3% da população. E mais, até agora, só descobriram essa duplicidade em pessoas brancas. Está praticamente fechado que africanos não tem a dupla cópia, mas falta testar asiáticos.
Os dois medicamentos contra o Alzheimer.
O lecanemab e o donanemab foram saudados como eficazes na luta contra o Alzheimer. Passado pouco tempo, descobriram que seus efeitos são tão modestos que alguns pacientes nem percebem melhora. O problema do Alzheimer, tal como o do câncer, é que as reações químicas determinantes dessas doenças, surgem de quinze a vinte anos antes dos sintomas aparecerem. Mas quando começa a perda da memória, é imparável. A esperança é que os testes sejam realizados muito mais cedo e que esses medicamentos - ou outros que surjam - tenham melhores efeitos.
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