Seu comportamento é sua definição de riqueza
Neste artigo falarei de algo muito importante e que talvez você não se conta de forma tão consciente: muitas coisas do nosso dia a dia influenciam nosso comportamento em relação ao dinheiro. Lembra da barriga da mamãe? Sofremos influências do ambiente que nos cerca desde bebês e respondemos a elas conforme o tipo de estímulos que recebemos.
Além disso, também lidamos com a realidade de acordo com nossas próprias características, físicas e psíquicas. Isso nos ajuda a explicar a razão pela qual as pessoas reagem de formas diferentes frente às mesmas situações.
A maneira como os pais lidam com o dinheiro é observada pelos pequenos e registrada em suas mentes. Mais tarde, a chance de apresentarem comportamento semelhante é bem alta.
É bom analisar tudo o que ouvimos, vemos e sentimos, seja na família, na escola, na igreja, com os amigos ou através dos meios de comunicação, pois os valores e conceitos financeiros aprendidos na infância contribuirão, e muito, para o sucesso ou fracasso financeiro no futuro. Quando chegamos à fase adulta, temos uma “caixa de ferramentas” com muitas informações. Nesse momento, a decisão é sua, é minha, é nossa. Alguma vez você pensou algo como: “Eu não consigo guardar dinheiro porque meu pai nunca guardou e, portanto, eu não aprendi a fazer isso”? Ou “Eu adoro comprar, sou consumista igual minha mãe”?
Está comprovado que os pais têm forte influência em nossas decisões. Mas, eis a questão: você é feliz agindo assim? Esse comportamento está contribuindo para o seu sucesso financeiro? Se sim, ótimo. Se não, vamos mudar? Nada muda quando colocamos a culpa em coisas e pessoas. Temos que refletir, detectar o problema e buscar as soluções dentro da “caixa de ferramentas”, e quando necessário podemos buscar ajuda do lado de fora também.
Convenhamos, nós somos seres muito inteligentes: podemos mudar hábitos e obter melhores resultados, mas para isso é importante querer mudar, aprender, experimentar e perseverar nas decisões que tomamos. A cultura de um país também tem forte influência no comportamento de seu povo. No Brasil recebemos a influência de uma cultura consumista e imediatista.
Tivemos um longo período de inflação (1950 a 1990), quando era preferível consumir a poupar. Nesta fase as orientações financeiras eram direcionadas para pessoas com renda disponível, preocupadas com o destino de seus investimentos. Com o Plano Real (1994), estabilizaram-se os preços e a inflação e tivemos significativa melhora nas condições econômicas, internas e externas; também vimos uma clara evolução no mercado de trabalho e a expansão do crédito.
O consumo passou a ser peça-chave do crescimento do país e, para muitos, símbolo de riqueza e status. Infelizmente, o consumo sem planejamento aumentou o endividamento e o número de inadimplentes, que chegou a 50 milhões de brasileiros em 2012, de acordo com o Serasa. E o que dizer das propagandas e do marketing? Cada vez mais envolventes e até apelativas, decidindo por nós o que comemos e vestimos, com um grande objetivo por traz das prateleiras: lucro.
Como estamos respondendo a todas estas influências? Estamos consultando o “caixa” antes de tomar decisões? Meu professor de Administração Financeira dizia: “o Marketing é a alma no negócio, mas o Financeiro é o coração”. Precisamos bombear o sangue de maneira sistemática para que todo o corpo o receba e fique saudável.
E ainda temos de lutar contra a falta de transparência das instituições. Você sabe exatamente os impostos que paga em cima de cada bem que consome? Sabe qual é e quanto é a taxa que seu banco cobra para manutenção da conta?
O consumismo e o imediatismo têm marcado presença no nosso comportamento, além de uma dose exagerada de confiança no Estado. Até quando confiaremos em programas sociais para sanar nossas dificuldades financeiras?
Por fim, quero citar um último fator: a motivação. Você quer dinheiro para quê? Assim como nas empresas, é importante definirmos Missão e Visão em nossas vidas. Esse será o Norte e ao longo do caminho ficará mais fácil dizer NÃO às influências negativas que te afastam do sucesso financeiro.
Fico feliz em perceber a Educação Financeira ganhando espaço no nosso país. Muitos brasileiros estão buscando ajuda e encontrando no processo de planejamento financeiro o equilíbrio e sucesso almejados. Vamos falar mais sobre dinheiro com nossos familiares, apoiar projetos nas escolas, participar de eventos, ler sobre o assunto, refletir e debater? Espero que sim!
A prática da Educação Financeira é fundamental para moldarmos um novo ambiente, uma nova cultura: mais equilibrada e saudável financeiramente, com disciplina e visão de longo prazo. Uma cultura que nos influencie positivamente, que nos apoie na racionalização do consumo, na otimização dos investimentos e na valorização de práticas sustentáveis!
Consulte sua “caixa de ferramentas”, talvez esteja na hora de jogar algo fora. A decisão final é sempre sua..
Fonte: Por Bruna Varzini/ dinheirama.com.br A informação contida nestes artigos, ou em qualquer outra publicação relacionada com o nome do autor, não constitui orientação direta ou indicação de produtos de investimentos. Antes de começar a operar no SFN - Sistema Financeiro Nacional o leitor deverá aprofundar seus conhecimentos, buscando auxílio de profissionais habilitados para análise de seu perfil específico. Portanto, fica o autor isento de qualquer responsabilidade pelos atos cometidos de terceiros e suas consequências.
(*) Emanuel Gutierrez Steffen é criador do portal www.mayel.com.br