Covid: Bancários não podem parar e reivindicam prioridade na vacinação
Mesmo com alto índice de contágio, agências bancárias continuam abertas durante o lockdown.
Considerado um serviço essencial, os bancos permanecem abertos no lockdown que começou em Campo Grande e em outros 42 municípios de Mato Grosso do Sul nesse domingo, dia 13 de junho.
O alto índice de contágio entre bancários nas últimas semanas demonstra que a característica física do ambiente de trabalho, que são agências fechadas e sem circulação de ar, aliada a grande circulação de pessoas, propicia a maior concentração do vírus e o evidente contágio dos trabalhadores em instituições financeiras.
No final de maio, um surto de Covid-19 foi registrado na agência da Caixa na Avenida Bandeirantes, na Capital. Dos 21 empregados da unidade, seis testaram positivo para o coronavírus na mesma semana. Além disso, também estavam contaminados um segurança e uma faxineira.
“Desde o início da pandemia, somos essenciais, mas não somos prioritários para receber a vacina contra a Covid-19. Defendemos que toda a população brasileira seja imunizada o mais rápido possível, mas diante da lentidão da vacinação, queremos que a categoria bancária, que desde o início da pandemia está na linha de frente atendendo à população e correndo alto risco de contaminação pelo coronavírus, seja incluída na prioridade do plano nacional”, destaca a presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, Neide Rodrigues.
Na base do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, são apenas 800 bancários entre 18 e 40 anos. “Nosso quantitativo é pequeno para receber a vacina, mas o nosso risco é imenso. Todos os dias, os bancários atendem centenas de pessoas e estão expostos ao vírus. A vacinação é um direito desses trabalhadores que executam um trabalho essencial”, comenta a presidente do sindicato.
Em Mato Grosso do Sul, apenas as cidades de Iguatemi e de Antônio João imunizaram a categoria bancária. O sindicato já solicitou a inclusão dos bancários como grupo prioritário na vacinação contra Covid-19 para as Secretarias de Saúde do Estado e dos municípios da sua base, que engloba Campo Grande e outros 27 municípios.
A atividade bancária é considerada essencial através do Decreto n° 10.282 de 20 de março de 2020. Mas, apesar de executar esse trabalho tão essencial para a população e o funcionamento econômico do Brasil, os bancários ficaram de fora da lista dos grupos prioritários do PNI (Plano Nacional de Imunização) contra a Covid-19.
“Muitas categorias foram incluídas na lista do PNI e os bancários, que reconhecidamente desenvolvem atividade essencial, devem ter também essa prioridade”, ressalta Neide Rodrigues.
São os bancários, por exemplo, que estão na linha de frente da Caixa Econômica Federal e atendem milhares de pessoas em busca do auxílio emergencial ou de outros importantes benefícios sociais, como FGTS, PIS, Bolsa Família, Seguro Desemprego, entre outros.
Na última sexta-feira, dia 11, o Comando Nacional dos Bancários (que representa a categoria em todo país) entregou ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, com a solicitação de inclusão da categoria bancária no PNI contra a Covid-19 e também apresentou as informações e dados complementares que mostram tal necessidade.
A média de desligamentos por morte na categoria bancária saltou de 18,3 óbitos/mês no primeiro trimestre de 2020 para 50,6 óbitos/mês no primeiro trimestre de 2021, crescimento de 176,4%. Os dados são de levantamento feito pelo Dieese a partir do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que não especifica as causas das mortes. Mesmo assim, é possível deduzir que esse aumento está relacionado com os óbitos de bancários por Covid-19.