Após horas na fila, pessoas se revoltam com perícias desmarcadas
Caos nas agências se dá devido à greve dos médicos e peritos que começou nesta quarta-feira
O transtorno gerado pela greve dos servidores do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), nesta quarta-feira (30), revoltou dezenas de pessoas que aguardaram horas por atendimento e tiveram que voltar para casa.
Logo pela manhã, as filas enormes tomavam conta das calçadas ao redor do prédio, onde idosos e gestantes esperavam em pé, ao lado de fora por tempo indeterminado. Rosa Nunes Jara, de 50 anos, moradora de Miranda, município distante a 186 quilômetros de Campo Grande, chegou cedo mas foi orientada a fazer o reagendamento pelo aplicativo.
Debilitada, em processo de quimioterapia e recém-operada há quatro meses, ela saiu de casa ainda durante a madrugada e não obteve sucesso no processo. "Saí de casa 2h da manhã e cheguei às 5h30. Pior que a gente não pode entrar nem para ir ao banheiro ou tomar água. É um descaso com a gente. Viemos com o veículo cedido pelo município que retorna só à tarde. Agora, vou ter que aguardar para ir embora também", desabafa.
Da mesma cidade, Luciane Alves Cavalcante de Souza, 41 anos, também passaria hoje por perícia médica para avaliar a situação na coluna, mas deu de cara com a porta. Autônoma, Luciane conta que precisa solucionar o laudo para poder receber.
"Levei dois meses para conseguir agendar, agora vou ter que contar com a sorte para ver se algum dos médicos que farão atendimento no período da tarde é o meu. Muita gente precisou ir embora", relata a mulher.
O caos nas agências se dá devido à greve dos médicos e peritos, cuja bandeira defende melhores condições de trabalho e a garantia de atendimento com qualidade à população. Muitos médicos e peritos deixaram de prestar serviços nesta manhã, dia em que a greve foi aderida.
Desde as primeiras horas do dia, o site e aplicativo do INSS estavam fora do ar, o que acarretou sérias dificuldades para que os assegurados agendassem perícias e outros procedimentos presenciais.
Exemplo disso é a designer de sobrancelhas Elizama Costa, de 24 anos, que está grávida de sete meses e enfrentou instabilidade na plataforma para conseguir conferir o horário da perícia que havia marcado há mais de quatro meses.
Ela foi até a unidade para evitar dar viagem perdida à tarde. Segundo ela, desde novembro, os servidores marcam e desmarcam a perícia, então achou melhor não arriscar. Entretanto, não teve jeito.
"Já tive minha perícia desmarcada três vezes então fui lá conferir. Cheguei 12h45 e saí de lá 13h30, enquanto eu estava lá, fizeram duas chamadas. Na primeira vez, falaram o nome de quem não seria atendido e depois, voltaram falando que aqueles que ficaram lá teriam que ir embora, pois o médico não iria comparecer", detalha.
A jovem conta ainda que algumas pessoas que esperavam no local precisaram pagar para ir ao banheiro. "Vi uma senhorinha pagando para ir em um banheiro que tinha do outro lado da rua. Um absurdo não deixarem as pessoas entrarem nem para urinarem", destaca revoltada.
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