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Direto das Ruas

Com alimentação saindo pelo pescoço de pai, filha denuncia negligência

Diagnosticado com câncer de laringe, Juvenal Pinheiro Alves é atendido no Hospital do Câncer Alfredo Abrão

Aletheya Alves | 30/08/2021 16:46
Juvenal Pinheiro Alves foi dignosticado com câncer pela segunda vez. (Foto: Direto das Ruas)
Juvenal Pinheiro Alves foi dignosticado com câncer pela segunda vez. (Foto: Direto das Ruas)

“A gente sabe que a situação dele é irreversível, mas queremos que ele morra com dignidade”. Filha de Juvenal Pinheiro Alves, Jéssica Benitez, de 33 anos, denuncia falta de atendimento adequado ao pai, após uma semana de idas frequentes ao Hospital do Câncer Alfredo Abrão. Com ferimento aberto, a alimentação de Juvenal tem saído por buraco no pescoço.

Diagnosticado com câncer de laringe pela segunda vez, Juvenal tem sido atendido pelo hospital, mas com piora do quadro, a família começou a questionar os tratamentos realizados. De acordo com Jéssica, um ferimento no pescoço do pai surgiu em maio e após se tornar um buraco, a situação vem piorando.

“Todo mundo olhava o pescoço e falava que era assim mesmo por causa do câncer. Nunca houve orientação sobre isso e na inocência de acreditar, fomos deixando passar, mas abriu um novo ferimento há uns dois meses”, explicou Jéssica. Conforme a filha, há uma semana, os dois buracos se uniram, gerando fortes sangramentos.

Desde então, os familiares seguem levando Juvenal até o hospital e solicitando internação, mas o homem continua sendo liberado pelos médicos plantonistas. “A forma com que a gente está sendo tratado, é como se ele estivesse sendo deixado para se decompor em cima da cama”.

O último episódio, de acordo com Jéssica, aconteceu neste domingo (29). “Levamos ele no hospital, ele estava com febre e muito mal, mas deram alta. Chegamos no final da tarde e de noite deram alta. Só fizeram exame de sangue e falaram que ele estava bem”.

Após retornar para casa, Juvenal continuou piorando e a alimentação por sonda inserida no estômago passou a sair pelo buraco no pescoço. “Ligamos para o hospital e falaram que a assistência social iria fazer uma visita amanhã. Amanhã não dá, não tem condições dele ficar assim. Falaram que a gente tinha que ir até o hospital, mas fomos ontem e ele foi liberado”.

Sem saber o que fazer, Jéssica explica que o último passo a ser tomado é entrar na Justiça, mas o medo da demora, faz com que as esperanças não sejam altas. “Sabemos que isso demora e pode não dar tempo. A gente nunca falou que queremos que curem meu pai, mas a gente quer que ele tenha um fim digno”.

Em nota, o Hospital do Câncer disse que os profissionais se empenham para dar o suporte adequado para casos com quadros irreversíveis e terminais. "Atualmente contamos somente com um Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) e uma equipe multiprofissional que vai até a residência dos pacientes paliativos. Em respeito e consideração à vida, aos pacientes e seus familiares e às leis vigentes, não divulgamos ou relatamos detalhes dos tratamentos e de casos graves".

Ainda conforme a nota, pacientes podem registrar reclamações através do e-mail ouvidoria@hcaa.org.br, "entendemos os sentimentos e a dor enfrentada por cada paciente e familiar e estamos à disposição para que juntos possamos sempre buscar os melhores cuidados".

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(*) Matéria atualizada para acréscimo de informações.

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