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Direto das Ruas

Familiares reclamam de dificuldades em visitas virtuais em novo presídio

No dia 20 de março, menos de dois meses após a inauguração, as visitas em todas as unidades prisionais do Estado foram suspensas

Geisy Garnes | 28/06/2020 15:44
Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, em Campo Grande, que começou a operar em fevereiro (Foto: Marcos Maluf)
Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, em Campo Grande, que começou a operar em fevereiro (Foto: Marcos Maluf)

Após pouco mais de três meses de visitas presenciais suspensas nos presídios de Mato Grosso do Sul e da implementação dos encontros por videoconferência, famílias reclamam das dificuldades em contato com os internos da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, em Campo Grande.

A unidade de regime fechado recebeu os primeiros presos no início de fevereiro deste ano. No dia 20 de março, menos de dois meses depois, as visitas em todas as unidades prisionais do Estado foram suspensas como medida de prevenção ao coronavírus.

Para compensar a ausência presencial dos familiares, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) estabeleceu o sistema de visitas virtuais. No entanto, essa nova realidade não tem funcionado como prometido. É o que dizem as famílias dos presos da unidade. “Nestes últimos dias estamos enfrentando problemas de comunicação com a rede telefônica da Assistência Social onde agendamos nossas videochamadas”, conta a esposa de um deles.

“Muitas moramos fora e só conseguimos manter contato por meio de videoconferência, que está sendo realizada em 10 minutos, quando conseguimos uma conexão segura com o presídio. Ficamos dias tentando marcar e quando conseguimos acabamos à mercê de uma ansiedade. Por vezes não obtivemos sucesso em estabelecer contato com os internos”, lamenta a mulher.

A mesma reclamação é feita pela esposa de outro preso. “Já faz 4 dias que nós não conseguimos contato lá no presídio porque os telefones estão cortados”, denuncia. Ela afirma ainda que só “atendem quando querem” e se queixa do pouco tempo de contato com o marido. “As visitas virtuais acontecem uma vez no mês, só 10 minutos e a conexão está sempre péssima. Nós ficamos sem contato com eles mais de semanas”.

Os problemas relatados pelas duas mulheres também vão além das visitas. Elas reclamam da falta de estrutura e de assistência aos presos. “Lá não entra alimentos, roupas ou casaco, é muito regrado. Meu marido depois que foi pra lá tá só pele e osso”, desabafa uma delas.

A falta de auxílio, contam, se estende as famílias, que quando ainda faziam visitas presenciais não tinham sequer banheiro. “E totalmente desumano aquele lugar. O governador mandou inaugurar a cadeia masculina fechada sem um apoio adequado para os internos e também para nós familiares”, defende a outra.

A suspensão das visitas nos presídios do Estado foi prorrogada inicialmente até o dia 22 de abril e agora estendida mais uma vez até o dia 7 de julho.

Ao Campo Grande News, a Agepen explicou que as visitas virtuais da semana passada foram desmarcadas por problemas com a operadora de telefonia, mas serão todas reagendadas. Detalhou também que o tempo de duração da chamada em 10 minutos faz parte da normativa da agência e é válida para todas as unidades penais.

O tempo é programado para conseguir atender à demanda existente no Estado, que possui uma população carcerária de mais de 18 mil presos. “Estamos buscando ampliar as possibilidades desse sistema e iremos receber a doação de 55 computadores do Instituto Ação pela Paz, que serão destinados a este fim”, informou através de nota.

Sobre a falta de assistência, afirmou que os internos recebem três refeições diárias e uniformes, assim como nas outras penitenciárias de Mato Grosso do Sul.

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