Hospital da Vida não tem tomografia e paciente precisa comprar remédio
Para leitora, atendimento dos médicos e demais funcionários é exemplar, mas que eles atuam "no limite"
Não é de hoje que a rede hospitalar do SUS (Sistema Único da Saúde) passa por problemas e em Dourados, um dos locais mais afetados é o Hospital da Vida, maior da cidade e referência nos atendimentos de alta complexidade. Ele é mantido pela FUNSAUD (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados).
De lá, moradora de Campo Grande mostra a precariedade da unidade e reclama que até mesmo medicamentos ela precisou comprar para a enteada, que é moradora do segundo maior município de Mato Grosso do Sul.
Solange Lemos, 53 anos, professora e o marido chegaram em Dourados hoje para acompanhar a enteada, que está internada no Hospital da Vida depois de ser vítima de acidente automobilístico. Lá, ela afirma que o atendimento dos profissionais, mas que eles trabalham “no limite”.
“Não tem sabonete no banheiro pra você lavar a mão”, sustenta, reforçando que todas as áreas do hospital, da vermelha à verde, estão lotadas e que sua enteada não pôde fazer um exame tomográfico porque a unidade hospitalar está sem o aparelho. “Não sei se está quebrado ou se eles não têm mesmo”, lamentou.
Segundo Solange, o atendimento dos médicos e demais funcionários é exemplar, mas que eles atuam conforme as condições do hospital, trabalhando sem estrutura adequada. “Estamos sendo muito bem atendidos, mas o local não tem infraestrutura. Tem muita gente quebrada aqui, tudo lotado, sem condição nenhuma de um bom serviço”, relatou.
A família também precisou comprar dois remédios, porque o hospital não disponibilizou. Um dos remédios era um colírio e o outro, Solange não lembrava o nome.
Sobre a tomografia, ela contou que propôs aos profissionais que a enteada pudesse fazer o exame na rede privada, mas a orientação foi de que poderia aguardar o procedimento, já que o estado de saúde é estável. “Mas salientaram que se o quadro fosse mais grave, dariam todas as opções para que o exame fosse feito”.
Por fim, a professora destaca que há muita precariedade no local e que acredita que o problema é o Poder Público, que não dá aos profissionais as condições adequadas de trabalho.
Em contato com a Prefeitura de Dourados, a reportagem não obteve retorno até o fechamento deste material.
Justiça – O hospital e o município são alvos de ao menos duas ações coletivas por falta de insumos e más condições de trabalho. Uma delas, que tramita na Justiça Estadual, há sentença de junho do ano passado, do juiz José Domingues Filho da 6ª Vara Cível de Dourados.
Nela, o hospital e o município são obrigados a restabelecer, “integralmente, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, o acervo de insumos, EPIs, reagentes e medicamentos em falta ou em situação crítica no Centro de Abastecimento Farmacêutico” e a manter “o cronograma de aquisição prévia” desses itens.
A prefeitura recorreu e o caso está para ser julgado em segundo grau na 2ª Câmara Cível, e apela, argumentando que o Poder Judiciário não pode “interferir na alocação de recursos públicos sob pena de incorrer em ofensa ao princípio da separação dos poderes, sustentando, ainda, pela impossibilidade de dar cumprimento à sentença recorrida, por ter de responsabilidade da FUNSAUD a gestão e planejamento da aquisição de insumos e medicamentos.”
A fundação, por sua vez, “sustenta que não restou demonstrado nos autos a negligência e inércia da requerida na administração das unidades de saúde, argumentando que comprovou nos autos que realizava regularmente e em tempo hábil os pedidos de medicamentos para utilização no Hospital da Vida.”
Outra ação, na esfera federal, foi impetrada pelo Coren/MS (Conselho Regional de Enfermagem).
Direto das Ruas - A reclamação chegou ao Campo Grande News por meio do canal Direto das Ruas, meio de interação do leitor com a redação.
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