Moradores barram ônibus: "Leva todos ou não leva nenhum"
"Patrão não quer nem saber, quer todo mundo no posto de trabalho", relata uma das funcionárias
Não foi fácil chegar ao trabalho nesta segunda-feira (20). Por meio do canal Direto das Ruas, muita gente reclamou do dia conturbado após a paralisação realizada por motoristas de ônibus em Campo Grande. Mesmo com algumas pessoas concordando com reivindicação de direitos, há quem se revolte com o transtorno causado de surpresa.
Por volta das 8h10, moradores do Bairro Los Angeles chegaram ao extremo. Bloquearam um ônibus na base do "leva todos ou não leva nenhum". Eles exigiram reforço da linha para que as diversas pessoas a espera de transporte pudessem ir trabalhar.
“Passou 3 ônibus lotados, não pega ninguém. Se leva um pro trabalho todos tem que ir né? Não é largar todo mundo pra trás", relata passageira que gravou vídeo. Assista:
Porteira em um edifício próximo ao Shopping Campo Grande não conseguiu ir trabalhar no horário normal e voltou para casa. “Acho que é uma infração muito grande, não vê o lado das pessoas que precisam trabalhar. Patrão não quer nem saber, quer todo mundo no posto de trabalho”.
Ela que é moradora no bairro São Julião, diz que teve de pegar carona com o vizinho para conseguir ir para o emprego. “Fui ver com meu vizinho pra me trazer, e agora vou ter que pagar um dinheiro pra ele, pra ressarcir, né. Tem pessoas que dão um ‘jeitinho’, mas foi uma surpresa muito grande”.
Ela mandou mensagem para o telefone de atendimento do Consórcio Guaicurus, onde a informaram que só haveria ônibus a partir das 7h da manhã, depois da paralisação.
A cozinheira Sandra Arruda, de 40 anos, relatou por volta das 8h30 que ainda estava esperando o transporte coletivo. “Ainda estou no ponto aqui no Coophavila II. Passaram três ônibus muito lotados mas a maioria de quem tava no ponto desistiu”.
Funcionária em um laboratório, Amanda Câmara, de 28 anos, diz que a manhã foi conturbada devido à paralisação e à falta de aviso, mas julga ser válida a reivindicação de direitos por parte da categoria.
Acho que está certo, é o direito deles reivindicar, né? Mas é um perigo ficar no ônibus sozinha, dependo exclusivamente dele pra chegar no meu trabalho. Saio de casa às 5h e chego às 6h, mas agora só vou chegar umas 8h
Profissional de serviços gerais, Tatiane Martins Rodrigues, de 25 anos diz que teve de voltar para casa e pegar carona com o marido. “Quem não tem outra opção fica a mercê disso. Acho certo fazerem paralisação para benefícios dele, mas achei ruim porque ninguém avisou nada”.
Em nota, o Consórcio Guaicurus informa que foi surpreendido com a paralisação, e que a paralisação teria de ser comunicada com a "antecedência mínima exigida por lei".
A nota reforça que departamento jurídico do Consórcio analisa a situação para aplicar medidas administrativas e judiciais nos responsáveis pela iniciativa. "O Consórcio Guaicurus, em respeito aos seus milhares de clientes que todos os dias utilizam o transporte púbico, condena e repudia com veemência esse tipo de iniciativa".
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