Prefeitura remove moradora de área pública durante a madrugada
Com três filhas e desempregada, mulher diz não ter lugar para ficar em Ribas do Rio Pardo
A casa que Jessica Espíndola da Silva, 28 anos estava construindo em um terreno da Prefeitura de Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande, foi destruído pelas máquinas do município na madrugada desta sexta-feira (08). O desespero da mulher que tem três filhas e está desempregada fez com que os vizinhos enviassem a história ao Campo Grande News.
Segundo Jéssica, desde abril ela começou a limpar área localizada em frente ao portão de acesso do poço da Sanesul, no bairro Santo André. O local é maior em captação de água do município, responsável pelo abastecimento de 40% da população.
"Eu estava morando na casa de uma amiga, e ela pediu a casa em cima da hora. Como não tinha para onde ir, eu resolvi construir ali. Era um mato enorme e achei que o prefeito não ia mexer comigo, porque ele tinha era que me ajudar", desabafa.
Aos poucos ela foi construindo a moradia que estava terminando de ser edificada. "O prefeito mandou derrubar e os vizinhos me ligaram me avisando às 2h. Além de passar por cima de mim, com tudo que eu gastei, de onde não tinha, foram grossos comigo, destruíram tudo e ainda vieram com caçamba durante o dia tirar o que sobrou."
Jéssica tem três meninas, de 10, 2 e 1 ano. Apenas o marido trabalha coo soldador na cidade. Ela recebe benefício do programa Bolsa Família e diz não ter ajuda de familiares para se abrigar.
Em nota a Prefeitura de Ribas do Rio Pardo informou que "por solicitação da concessionária, informando que a estrutura poderia comprometer o abastecimento de água ou até mesmo contaminar a água captada, com a possível fossa séptica e também comprometeria a manobra de caminhões da empresa na área, a Prefeitura começou a tomar providência tentando acordo amigável."
O município também destacou que o secretário de Obras Lucas Magrini e a secretária de Assistência Social Jaqueline Arimura fizeram visitas tentando acordo com a família. "Nisso foi verificado que a família não estava em situação de rua, mas abrigada em casa de parente, não residindo no barraco ainda em fase inicial.
Por mais de uma semana a Prefeitura buscou mútuo acordo com a família, explicando o motivo pelo qual não poderia ser feita construção naquela área. Foi constatado também que a família é acompanhada pela rede de Assistência Social, CREAS, CRAS com atendimento psicossocial e cestas básicas e também pelo Conselho Tutelar.
Por falta de cooperação por parte do casal, o Prefeito Municipal João Alfredo determinou que a construção fosse demolida, pela Secretaria de Obras. O Prefeito comunicou ainda toda situação ocorrida ao Ministério Público Estadual.
Em tempo, consultado o Departamento de Habitação no Município foi constatado que a mulher não tem cadastro na Agehab para participar de programas de moradia, já o seu esposo tem cadastro, porém desatualizado, inclusive, constando ser “solteiro em união estável” e sem dados do cônjuge e sem declarar ter filhos, o que dificulta seleção para esses projetos. Também o homem não selecionou nenhum interesse de moradia no cadastro, o que fez com que ele não participasse da seleção dos 70 lotes nesta semana."
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