Sem manutenção, elevador do HR quebra com paciente dentro
Problemas com equipamento são frequentes e funcionários também já ficaram presos
Vídeo de funcionários socorrendo paciente que ficou preso no elevador do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, circulou nas redes sociais neste domingo e revelou situação arriscada relacionada à locomoção dentro da unidade. Relato de quem circula pela unidade, no entanto, revela a frequência de episódios como este.
Conforme funcionária do HR, que preferiu não se identificar, há cerca de 15 dias apenas um dos elevadores é utilizado. “Eu fique presa no elevador durante uma hora. Não tinha ninguém para fazer a manutenção”, relatou. No vídeo, a porta do elevador aparece entreaberta. É por este espaço que quatro funcionários retiram um paciente e o transferem para uma maca.
De acordo com o presidente do Sintss-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul), Ricardo Bueno, funcionários há anos denunciam a situação. Ainda na gestão do ex-diretor, Justiniano Vavas, entre 2015 e 2018, se debatia a necessidade de troca dos equipamentos. “Além dos mais de 20 anos de uso, a empresa contratada para fazer a manutenção aparece apenas quando o elevador estraga”, afirma Bueno.
O maior temor dos funcionários é perder algum paciente, pois, o elevador corre o risco de quebrar durante algum socorro de emergência. Bueno lembra que setores com internações mais graves ficam justamente nos andares mais altos do prédio, como UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e Uco (Unidade Coronariana). “O elevador é essencial para o funcionamento do hospital não só levando pacientes, mas transportando comida e roupas de cama”, relata.
Condições degradantes do hospital levaram os funcionários a aprovar indicativo de greve para a próxima terça-feira. Há meses o sindicato alerta para as péssimas condições de trabalho, o que motivou paralisação do PAM (Pronto Atendimento Médico) no dia 21 de novembro, durante uma hora no período da manhã e no período da tarde.
Para a direção do Sintss-MS, o sucateamento teria como objetivo a justificativa para a terceirização do HR, entregando a gestão pública à sanha dos lucros de uma OS (Organização Social de cunho privado), como funciona no Hospital de Ponta Porã, o primeiro terceirizado do Estado.
Na unidade do município distante 324 quilômetros da Capital, o contrato com o instituto Gerir foi rescindido em menos de três anos por atraso no pagamento de funcionários. Outra licitação está em andamento para contratação de R$ 54,3 milhões.
Veja o vídeo: