Conselho prepara interdição ética no HR por falta de insumos e funcionários
Administração do hospital afirma que não recebeu relatório com denúncias
Falta de insumos e sobrecarga de profissionais no Hospital Regional, em Campo Grande, levaram o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) a abrir processo para interdição ética da unidade. Relatório produzido pela entidade aponta para risco de comprometimento das atividades dos trabalhadores de enfermagem devido aos problemas constatados por denúncias reunidas desde 2018.
Na última sexta-feira, conselheiros autorizaram o início do processo que poderá levar à suspensão dos serviços de enfermagem. “A situação que o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul está passando é de calamidade e de ilegalidade”, define o presidente do Coren-MS, Sebastião Junior Henrique Duarte.
As principais razões levantadas para instaurar o procedimento são a falta constante de insumos para assistência e o déficit de profissionais da Enfermagem, ambas constatadas em vistoria pela equipe de fiscalização do conselho. Conforme a entidade, a direção do hospital e a SES (Secretaria de Estado de Saúde) foram notificadas.
Em nota, a secretaria afirmou que diretoria do HR está em constante diálogo com a categoria. Nesta quarta-feira, a SES, juntamente com a diretoria do hospital, irá se reunir com o Coren. A gestão da unidade afirma que não recebeu a relatório do conselho sobre o assunto, conforme estabelecido resolução nº 565/2017/Conselho Federal de Enfermagem. “Os conselhos devem enviar documento oficial. O procedimento ainda está em fase de diligências”, lembraram.
Problemas – Conforme a entidade, sem materiais e medicamentos para a assistência – incluindo insumos básicos, como esparadrapo e soro fisiológico – a segurança dos pacientes e dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem encontra-se comprometida, bem como a de outros profissionais da área da saúde que lá atuam.
Além disso, a atual equipe de enfermagem do Regional está sobrecarregada com o déficit de profissionais da área. Muitos pacientes não estão sendo assistidos integralmente. “As pessoas internadas no Centro de Terapia Intensiva, por exemplo, não têm nem tomado banho porque os técnicos e auxiliares de enfermagem não têm tempo para isso, estão ocupados com outras atividades mais complexas”, aponta o presidente do Coren.
Ele lembra, ainda, que a laboral também tem forte impacto negativo na saúde mental dos profissionais da saúde. Segundo relatório de fiscalização, hoje existe um déficit de 261 enfermeiros e 197 técnicos de enfermagem no hospital.
De acordo com a SES, em outubro deste ano, foi realizada a contratação de 207 profissionais no hospital.