“Crise de insumos” é calcanhar de Aquiles para comando do HR

“Eu falo sempre: a gente vai reformar, mas morando dentro da casa”. É o que disse nesta quarta-feira (6) a nova diretora do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul,  a cirurgiã Rosana Leite de Melo, especialista em Pescoço e Cabeça, ao falar sobre qual fogo pretende apagar primeiro neste hospital que acumula denúncias. Com R$ 55 milhões anunciados para “repaginar” o HR, a crise dos insumos, seja na morosidade de processos licitatórios ou nos atrasos de compra e entrega, é considerada o calcanhar de Aquiles do Hospital Regional.

A nova diretoria tomou posse no HR na manhã desta quarta-feira (6), com a presença do secretário estadual de saúde Geraldo Resende e do médico Helio Mandetta, que representou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de quem é primo. É a segunda vez no ano que o HR troca de gestão.

Quando o então diretor-presidente Márcio Eduardo de Souza Pereira assumiu a função, as denúncias já se acumulavam e a principal aposta era modernizar os sistemas internos e logísticos da instituição, que recorreu até a expertise do luxuoso Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Agora, o médico deixa o HR e o setor público e para isso aderiu ao PDV (Programa de Demissão Voluntária, do governo estadual).

Ao falar sobre a crise dos insumos, o secretário estadual citou a legislação que normatiza as licitações, “para evitar a corrupção, mas que dificulta muito a compra de insumos na área de saúde". “Um fio cirúrgico ou quimioterápico, medicamento utilizado na oncologia, não pode ser tratado como é tratado a pavimentação asfáltica em uma rodovia. Está precisando melhorar essa legislação para que uma licitação não perdurar, não demorar 8 meses, porque em 8 meses logicamente o estado de uma pessoa doente vai deteriorar e muito se a gente aguardar processos licitatórios morosos”, comentou.

“Muitas vezes, inclusive, depois da licitação, são desertos, ou seja, ninguém se interessa e muitas vezes algumas empresas ganham esse processo e pela defasagem do tempo, medicamento ou algum insumo subiu muito o preço e eles não querem entregar fazendo com que a gente tenha que refazer todo esse processo. Nós queremos dar agilidade, inclusive vamos reforçar essa área aqui no HR para que junto na secretaria de administração do estado, a SAD e junto com a secretaria de fazenda, nós possamos dar mais velocidade a esses processos”, complementou.

Medidas já adotadas - A nova diretora do hospital citou o setor de compras como “foco principal” do momento na gestão. “Os processos de compra são um tanto morosos, então nós teremos sim que rever todos os processos, dentro da legalidade e dar mais celeridade a isso. Porque o paciente se preocupa com o que está lá na ponta, mas para chegar na ponta existe todo um histórico”, afirmou.

“Situações complexas também requerem soluções complexas. A emergência está com seus problemas, a questão dos leitos também, então várias situações requerem esse olhar, mas o que está mesmo emperrando muito são os nossos processos de compra porque muitas vezes faltam alguns produtos, então a gente tem que rever esses processos, isso sim é dos mais urgentes”, comentou.

A médica também citou o “corpo clínico”, que, segundo ela, precisa de atenção. “O nosso corpo clínico assistencial, que está extremamente desmotivado, valorizar mais principalmente a enfermagem, os médicos, os profissionais da área de saúde estão doentes, também precisamos olhar pra eles”.

Sobre a defasagem nos recursos humanos, disse “parecer que há falta”. “Em relação ao pessoal, a grosso modo, parece que há falta, não fechamos o diagnóstico ainda. Traçaremos um plano”, concluiu.