"Porto pode voltar a operar amanhã", diz empresário ao governador
"É possível fazer o porto fluvial de Porto Murtinho voltar a funcionar amanhã", garante o empresário Michel Chaim, presidente do grupo responsável pela zona portuária do município que fica a 431 km de Campo Grande. A afirmação foi feita após reunião com o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), na manhã desta segunda-feira (19).
Dos 100 hectares de área total, 4% pertence ao Estado e, o restante, pertence ao grupo que administra o porto. Segundo Chaim, atualmente o local conta com 20 funcionários, que trabalham apenas para manter o local aberto, mas as operações estão suspensas. A ação civil pública, que desde 2004 questiona concessões de licitação, afastou os investidores e criou um ambiente de insegurança entre os empresários.
O porto está aparelhado para o serviço o poderia voltar a operar amanhã, garantiu Chaim. "Não há nada que o impeça de funcionar", garante Chaim, que representa a companhia Cinco & Bacia, do setor de transporte fluvial. Ele classificou a conversa com Azambuja, que durou cerca de duas horas, de "muito positiva".
Desafios - De acordo com Chaim, a ação judicial causou um ambiente negativo, afastando os investidores. Por isso, apesar de o local estar em perfeito estado para desempenhar atividades, foram gerados entraves no negócio.
Um dos obstáculos, além da questão judicial que causou um ambiente negativo, classificado como "insegurança política" por Chaim, o regime especial devido à Lei Kandir também gera dificuldades.
Isso porque, para que o empresário exporte com isenção de ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação), ele precisa comercializar, no Estado, a mesma quantidade que exporta.
No entanto, a reativação do porto traria vários benefícios econômicos ao Estado. Só para manter o local pronto para o funcionamento, o grupo Cinco & Bacia gasta U$ 35 mil por mês, mesmo o porto não sendo usado.
Economia - Atualmente, uma carga de 1 tonelada custa R$ 200 para ser levada de Porto Murtinho até o porto de Paranaguá. De Paranaguá, a carga ainda é encaminhada para a Argentina.
Se o porto estivesse em uso, o preço ao investidor seria de R$ 100 para levar 1 tonelada e iria direto para a Argentina ou para o Uruguai, sem precisar passar por Paranaguá, aumentando a margem de lucro do empresário local.
"O rio é uma estrada que quanto mais se usa, melhor fica", explica Chaim. Com o aumento do escoamento via transporte fluvial, o fluxo de veículos nas estradas diminui, reduzindo o número de acidentes e preservando a malha asfáltica.
Ainda segundo Chaim, para que isso seja possível, o governador se dispôs a fazer o melhor pela logística e a, também, prestigiar os investidores, dando segurança política.
Volume - O porto tem a capacidade de escoar 500 mil toneladas por ano de grãos. Nos primeiros cinco anos de funcionamento movimentou 400 mil toneladas de produtos diversos, como cimento, açúcar, soja e fertilizantes. Entretanto, para o empresário, o local pode atender até 2 milhões de toneladas por ano, o que seria possível caso existissem cilos de armazenamento de produtos.
"Existem grupos interessados na utilização do porto, grupos que já sinalizaram interesse em utilizar o porto. Inclusive, um grupo chinês do setor agrícola, que trabalha com milho, sinalizou que pretende escoar 80% de sua produção pelo porto", finaliza Chaim.