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Economia

34%: maior faixa de endividados de MS tem entre 41 e 60 anos

Pesquisa ainda mostra que 16% dos idosos estão inadimplentes em Mato Grosso do Sul

Izabela Cavalcanti | 29/05/2023 14:13
Aposentado Antônio Mendonça andando pela Rua 14 de Julho, após pagar conta (Foto: Marcos Maluf)
Aposentado Antônio Mendonça andando pela Rua 14 de Julho, após pagar conta (Foto: Marcos Maluf)

O baixo valor da aposentadoria tem sido a principal justificativa dos idosos por se endividarem. Diante disso, as compras de forma parcelada tornam-se uma consequência.

Conforme dados do Mapa de Inadimplência e Negociações do Serasa, em Mato Grosso do Sul, 34,6% das pessoas com idades entre 41 e 60 anos e 16,4% acima de 60 anos estão inadimplentes.

No geral, em cinco anos, o número de inadimplentes com mais de 60 anos aumentou 33%. As contas básicas de água, luz e gás estão entre o principal segmento das dívidas, contabilizando 39,7% do público total no Brasil.

A inflação de abril, em Campo Grande, ficou em 0,89%, acumulando alta de 2,75% no ano. Já os juros, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter em 13,75% ao ano.

O aposentado Antônio Mendonça, de 90 anos, é exemplo de quem vive nessa situação. Com dificuldade de conversar, ele relata brevemente que já fez empréstimo e recentemente parcelou um celular em 12 vezes.

Morador no bairro Santo Amaro, nesta segunda-feira (29), ele foi até uma loja para colocar em dia o boleto.

Além disso, também conta que tem outros gastos com remédios, água, luz, aluguel e comida. “Está tudo caro. Não adianta falar que está barato, porque não está. Só não paga para dormir. Acabei de pagar a parcela de um celular que comprei”, pontuou.

Aposentada Bernarda Morais olhando roupas, em loja na Rua 14 de Julho (Foto: Marcos Maluf)
Aposentada Bernarda Morais olhando roupas, em loja na Rua 14 de Julho (Foto: Marcos Maluf)

A aposentada Bernarda Morais, de 85 anos, está endividada com um empréstimo que fez para comprar uma casa, no bairro Caiobá.

Por conta disso, agora, ela tenta não comprar outras coisas a prazo para não acumular mais dívidas. Recebendo um salário mínimo, ela precisa se virar para poder pagar os gastos mensais, como água, luz e compras no mercado, por exemplo.

O publicitário Nicanor Benitez, de 76 anos, reconhece que a realidade de hoje, com tudo mais caro, é necessário optar pelo parcelamento.

“Está bem difícil. Tem que ser só a prazo mesmo. A maioria usa cartão hoje em dia. E para quem faz empréstimo, tem que pagar tudo certinho, pois os juros são altíssimos”, analisa.

Na visão do economista Eugênio Pavão, a terceira idade acaba se endividando mais devido ao aumento de gastos com remédio, saúde, filhos e netos, por exemplo.

Outro fator citado são os empréstimos feitos. “A possibilidade de tomar empréstimos consignados levam ao aumento das dívidas e junto com a inflação, os custos de remédio, exames, planos de saúde. Todos esses fatores empurraram as pessoas idosas a ter um gasto a mais”, ressaltou.

Ainda conforme o profissional, nos casos de desemprego na família, os idosos têm um papel fundamental e acabam assumindo as contas.

Endividamento em MS – Mato Grosso do Sul tem 1.034.321 de inadimplentes, somando R$ 5.281.231.751,89 em dívidas atrasadas. Os que estão no "vermelho" representam 48,8% da população adulta, que é 2.118.782.

O valor médio que cada pessoa deve é de R$ 5.105,99. Já o ticket médio por cada dívida é de R$ 1.422,64, no Estado.

No Brasil, o mês de abril registrou 71,4 milhões de brasileiros inadimplentes. Do total, 17,7% são consumidores acima de 60 anos.

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