Aluguel de prédios comerciais faz mercado imobiliário reaquecer
Nova realidade política aliada a diminuição do desemprego traz confiança para famílias e empresários
Depois de praticamente três anos migrando para uma era glacial, alguns raios de sol começam a atingir o mercado imobiliário. O aquecimento do setor é comentado e comemorado no Brasil, e em Campo Grande corretores, imobiliárias e entidades também percebem a elevação na temperatura através da confiança dos empresários e dos clientes, principalmente em imóveis comerciais.
Para o Marcos Augusto Netto, presidente do Secovi-MS (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul) existe uma boa perspectiva para 2019 com o novo governo. “O país voltou a ter rumo. Estava totalmente à deriva. A melhora está refletindo no ânimo das pessoas, que estão começando a acreditar na economia”, afirma após observar a retomada de investimentos pelas empresas. “São sinais que não víamos desde 2014”, acrescenta.
O interesse nos investimentos imobiliários até deram ânimo a corretores que estavam apelando para outros campos. Henrique Cesário, que atua em Campo Grande desde 2014, passou a trabalhar também como motorista de aplicativo. Doreni Teresinha da Rosa Santos, com 10 anos de profissão, passou os últimos dois anos trabalhando com a filha em uma loja.
Henrique exercitou a criatividade e passou a ter um trabalho paralelo para aumentar o networking. “Em 2015, 2016 e 2017 não houve volume de vendas, então foi uma forma que encontrei para captar mais clientes”, explica. Nem tanto com clientes, mas com colegas. “Tive acesso aos grupos e consegui contato com 5 mil motoristas. Prestei consultoria aos colegas que tinham dúvidas”, detalha. Hoje ele se dedica mais à corretagem. “Com o trabalho que eu fiz de divulgação nos grupos tive captação de novos clientes. Hoje tenho site e uma galeria de imóveis no OLX”.
Para Doreni o afastamento da profissão não foi proposital, pois sua filha precisava de ajuda na loja, mas pegou justamente a pior época de crise no setor. “O mercado estava fraco, mas parei por uma necessidade. Voltei há um ano em uma imobiliária e de julho pra cá estou atuando independentemente”, conta ela.
Ambos percebem que a confiança das pessoas está aumentando. “Teve época que só vendia (imóveis) com Minha Casa Minha Vida. Investidores não compravam por conta da incerteza. Mas agora as pessoas estão voltando a procurar”, analisa Doreni. “Conversando com amigos corretores e outras pessoas, estou sentindo confiança novamente no mercado imobiliário, por conta do novo presidente. Em termos gerais, as pessoas estavam desacreditadas com a política”, opina Henrique.
Novo governo
Na avaliação de Marcos Augusto, a nova realidade política é uma das frentes que esquenta os negócios no setor imobiliário. “A reforma da previdência tem que acontecer no primeiro semestre. A expectativa está plantada nessas ideias. Há também o discurso do governo de privatizar, diminuir tamanho do estado”, pontua o presidente do Secovi-MS.
Além disso, outras questões vieram a agregar a positividade. “Nos últimos três meses o desemprego vem diminuindo gradativamente. Isso ajuda no restabelecimento da confiança das famílias. A inflação sob controle, a taxa de juros a 6,5%. O que estava faltando era a confiança dos empresários e é isso que a gente está sentindo”, enumera Marcos Augusto.
No final de 2018 foi aprovada a Lei do Distrato que rege os contrato de compra e venda entre incorporação, imobiliária e clientes. “São regra que dão mais segurança jurídica para construtores e compradores.
Entre as imobiliárias, o aquecimento é claro no comércio, pois os aluguéis de espaços comerciais aumentaram e a procura começou a crescer desde o final do ano passado. Todos citam a confiança na economia e no país.
Nas imobiliárias
Mônica Razuk, proprietária da Razuk Imobiliária também menciona as locações comerciais e fala sobre o fechamento de negócios com aluguéis de maior valor. “Até um certo momento estava alugando locais com valores de até R$ 1.200 e R$ 1.500. Em janeiro deu uma alavancada boa em imóveis comerciais até R$ 5 mil e R$ 6 mil”, esclarece. Quanto às regiões, além de ter alugado em regiões nobres como Euclides da Cunha, Jardim dos Estados e Chácara Cachoeira, ela diz que o comércio nos bairros vem crescendo também.
Depois de cerca de 10 meses sem procuras, Marlon Tony Brandt, proprietário da Casa X, afirma que os ventos mudaram. “Pelo menos na procura”, ressalta. “Não tem como mudar de uma hora pra outra”. Ele tem percebido que no setor de locação, imóveis comerciais que estavam parados, estão agora passando por reformas, o que indica retomada.
Já na questão de vendas de imóveis residenciais, ele atenta para a política de financiamento. “Depende de como a Caixa Econômica e os bancos vão trabalhar questão do financiamento. Como a política ainda não se estabilizou, o que se tem nesse momento é boa vontade, tanto do cliente como do proprietário”, avalia.
Em relação aos últimos dois anos, a procura em dezembro e janeiro surpreendeu Thomaz Ugri, proprietário da imobiliária Colméia. “Em dezembro dobrei minha média de locações efetivadas, comparando com os últimos dois anos, que foi o pior período. Mas ainda está abaixo de 2014 e 2015”.
Ele diz que quanto às vendas o aquecimento foi leve e por enquanto há só interesse e procura. “Locação e venda é acreditar no mercado. Venda, e saber que posso pagar porque estou empregado. Locação comercial é porque acredita que vai dar certo. É uma questão de estabilidade econômica”, analisa.