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Economia

Bancos terão que ensinar educação financeira e o campo-grandense precisa disso

Cidade acumula índices crescentes de endividamento e chegou a 198 mil pessoas em novembro

Por Izabela Cavalcanti | 11/01/2024 09:04
Consumidora entrando no Banco do Brasil para atendimento (Foto: Osmar Daniel)
Consumidora entrando no Banco do Brasil para atendimento (Foto: Osmar Daniel)

A partir do dia 1° de julho, os bancos terão que ensinar educação financeira aos clientes e empresários individuas. A regra foi criada por meio de uma resolução conjunta entre o BC (Banco Central) e o CMN (Conselho Monetário Nacional). Só aqui em Campo grande, são quase 200 mil endividados, conforme dados de janeiro da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor)

Conforme o último estudo, o índice de famílias endividadas atingiu 61,2% em novembro, contra 60,3% em outubro. O resultado representa 198.049 pessoas endividadas.

O objetivo é que cada instituição promova ações de organização e planejamento do orçamento pessoal e familiar; sobre a formação de poupança e resiliência financeira; e sobre a prevenção de inadimplência de operações e ao superendividamento. Cada uma terá o seu modelo de ação, desde que envolva esses itens e ofereça informações úteis.

O Banco Central informou que é necessário disponibilizar conteúdo e ferramentas frente às características e às necessidades de educação financeira dos clientes e usuários, considerando o perfil do público-alvo. A ação também envolve orientação para empresas.

Depois de implantada as medidas, os bancos terão que fazer acompanhamento para assegurar a efetividade das ações e indicar ao Banco Central um diretor responsável pelo cumprimento das obrigações.

Hábito – Na visão do economista Eugênio Pavão, isso deveria ser ensinado desde a infância.

“A educação financeira deveria ser implantada desde o início do ensino das crianças, para resolver boa parte dos problemas de endividamento, inadimplência, descontrole econômico. Essa é uma iniciativa muito importante do Banco Central, pois a vida financeira interfere na vida inteira da pessoa. Economia e psicologia são conhecimentos que devem andar juntos”, destacou.

Ainda de acordo com o profissional, ser organizado com as conta ajuda o consumidor até a se tornar um investidor futuramente. “A educação financeira ajuda a sair da fase vermelha; atingir o equilíbrio, que é a fase amarela; e na fase verde se tornar investidor com aplicações em fundos, ações, tesouro direto, ouro”, explicou.

O estudante de Medicina João Felipe Terribile, de 23 anos, demonstra não ter muita cautela quando o assunto é gastar.

Ao ser questionado se tem o costume de se organizar financeiramente, ele logo responde: "Não tenho isso, eu gasto mesmo. Já fui um pouco organizado com o dinheiro, mas não deu muito certo" disse.

João Felipe saindo do Banco do Brasil, diz que não pratica educação financeira (Foto: Osmar Daniel)
João Felipe saindo do Banco do Brasil, diz que não pratica educação financeira (Foto: Osmar Daniel)

Como estuda em tempo integral, não consegue trabalhar, então os pais mandam dinheiro. "Eu não tenho renda fixa, dependo dos meus pais mandarem. Minha mãe manda dinheiro para eu pagar as contas e meu pai paga meu cartão", explicou. No cartão, ele conta que gasta cerca de R$ 1,3 mil por mês para compras de uso pessoal.

Por outro lado, há quem tem mais cautela. É o caso da aposentada Estela Moreira, de 49 anos. “Eu me organizo, tenho tudo agendado. Primeiro, separo o dinheiro para pagar o principal, se sobrar, eu compro algo para mim”, disse.

Ela conta que sempre teve o hábito e acredita que o programa nos bancos vai ajudar os filhos a também serem mais organizados.

Em frente ao Banco do Brasil, Estela diz que sempre praticou educação financeira (Foto: Osmar Daniel)
Em frente ao Banco do Brasil, Estela diz que sempre praticou educação financeira (Foto: Osmar Daniel)

“Eu sou muito ansiosa para contas, se eu tiver devendo eu nem durmo. Esse programa vai ser bom para meus filhos, porque nenhum é organizado, compram o que quer, gastam como quer e não colocam prioridades nas contas”, finalizou.

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