ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 24º

Economia

Clima tenso em fazenda invadida gera debate na Assembleia

Para Mara Caseiro, deputada do PSDB, houve truculência na invasão dos índios

Danielle Valentim e Leonardo Rocha | 28/08/2018 11:45
Após dois dias de operação, homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar deixaram a fazenda Santa Maria. (Foto: Reprodução)
Após dois dias de operação, homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar deixaram a fazenda Santa Maria. (Foto: Reprodução)

O clima tenso na fazenda Santa Maria, invadida por índios em Caarapó, a 283 km de Campo Grande, que teve operação do Batalhão de Choque nesta segunda-feira, foi tema de debate na Assembleia Legislativa nesta manhã de terça-feira. A base ruralista defendeu a ação da Polícia Militar e provocou reação de parlamentares.

O deputado Pedro Kemp (PT) afirmou não querer entrar "no mérito de quem tem direito ou não", mas pontuou a preocupação com relação ao conflito. Para o parlamentar, nesses casos, ao invés de situação de guerra, a comissão de gerenciamento de crise deveria ser chamada.

“Entre os índios tem muita criança e, por isso, achei truculenta a ação da policia ontem. Os militares usaram bombas e balas de borracha. Seria melhor um diálogo ou invés do confronto”, disse.

Kemp afirma que o conflito por terra é um assunto antigo e que a União não agiu para demarcar as terras indígenas. “Como a questão está no judiciário gera insatisfação dos índios, que tentam resolver por conta própria uma atitude. Essas ações da polícia são contra pessoas pobres e vulneráveis”, finalizou.

O deputado Cabo Almi (PT) afirma que faz parte da Comissão para Gerenciar Crises, mas não foi chamado para avaliar a situação de Caarapó. Sobre a ação dos policiais “Não acredito que foram truculentos sem uma reação. Se não tiver enfrentamento, a polícia tem uma ação tranquila. Só se houve reação do outro lado”, disse.

José Carlos Barbosa (DEM) afirmou que que a polícia tem de ser chamada. “Muitas casas foram invadidas e depredadas. As pessoas tem que entender que áreas rurais são como casas urbanas. A invasão é igual para ambas. Se trata de uma propriedade privada e precisa chamar a polícia”, disse.

 Produtor rural, o deputado Zé Teixeira (DEM), que inclusive tem propriedade em Caarapó, afirmou que há 17 anos lida com invasões. “A invasão dos índios é um desrespeito com a propriedade privada. Os índios colocaram fogo, roubaram geladeira e a Justiça, sim, tem que garantir o estado de direito”, disse.

Para Mara Caseiro, deputada do PSDB, houve truculência na invasão dos índios. “São pessoas que tiveram suas casas invadidas com muito móveis e itens quebrados. É um desrespeito com o produtor rural. Muitas pessoas enganam os índios dizendo eles têm direito”, disse.

A invasão – Localizada perto da estrada que liga Caarapó a Laguna Carapã, a fazenda Santa Maria foi invadida no domingo de manhã. Os funcionários afirmam que os índios chegaram gritando. Armados com flechas e pedaços de pau, eles teriam colocado fogo no pasto e fizeram alguns funcionários de reféns.

Policiais militares de Caarapó e de Dourados foram chamados e conseguiram libertar os reféns, mas os moradores não puderam retirar seus pertences. Em grupos de WhatsApp, uma funcionária reclamou que a PM não deixou que entrassem com uma caminhonete para retirar móveis, roupas e alimentos.

A chegada do helicóptero da PM e do Batalhão de Choque, ainda no domingo, provocou correria entre os índios. A situação ficou tensa quando os policiais, usando escudos, avançaram em direção ao grupo, como mostra o vídeo abaixo.

A Santa Maria é uma das fazendas reivindicadas pelos índios da aldeia Tey Kuê. Desde 2016, eles já ocuparam pelo menos 18 propriedades, entre fazendas e sítios.

 

Nos siga no Google Notícias