Com Eldorado, Três Lagoas se torna Capital Mundial da celulose
A maior fábrica de celulose em linha única do mundo será inaugurada oficialmente na próxima quarta-feira, 12 de dezembro, em Três Lagoas. Com a produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose branqueada de fibra curta por ano, a Eldorado Brasil Celulose alçará Três Lagoas à condição de Capital Mundial da Celulose. Somada a outra fábrica na cidade - a Fibria (fusão entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel), com capacidade de produção de 1,3 milhão de toneladas/ano - serão 2,8 milhão toneladas de celulose produzidas no município, isso sem os projetos de expansão.
Entre as autoridades convidadas para a inauguração prevista para iniciar às 10h, estão à presidenta da República, Dilma Rousseff, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, além da prefeita de Três Lagoas, Márcia Moura, de autoridades da região, e de empresários vindos de várias partes do País e do exterior. A presença da presidenta Dilma, ou do vice-presidente, Michel Temer, caso a represente, só será confirmada a dois ou três dias do evento. Após os discursos de dirigentes da empresa e de autoridades, o tenor italiano Andrea Bocelli fará uma apresentação especial para convidados da Eldorado Brasil.
Com investimentos de R$ 6,2 bilhões (R$ 2,7 bilhões financiados pelo BNDES), a construção da fábrica começou em junho de 2010. O programa estratégico de expansão prevê a instalação de mais duas linhas de produção (em 2017 e 2020) que aumentarão a capacidade de produção para 5 milhões de toneladas de celulose/ano até o ano 2021. Utilizando como matéria prima a madeira de eucalipto, a empresa exportará mais de 90% da produção para mercados produtores de papel na Ásia (50 a 55%), Europa e Oriente Médio (30 a 35%) e Américas, incluindo o Brasil e Estados Unidos (10 a 15%).
Embarques - Com a produção inicial, a Eldorado já entra em um mercado em que a competitividade está diretamente relacionada a ganhos de escala na condição de 5º maior produtor mundial de celulose de fibra curta, o que lhe garante acesso a praticamente todos os mercados consumidores. Dará, também, poder de fogo para negociar melhores preços com seus fornecedores.
Conforme o diretor Comercial & Logística, Reginaldo Gomes, já em dezembro começarão os embarques de celulose para que os clientes possam fazer os testes industriais em máquinas ao longo de janeiro e fevereiro de 2013. “Temos em mãos um número expressivo de pedidos para embarque imediato, tanto para Ásia como Europa, América do Norte e Brasil. Além destes pedidos, deveremos começar a embarcar para clientes de contrato, ou seja, vendas regulares que serão entregues nos destinos finais no exterior já partir de janeiro”, informou Gomes.
Ele explicou que antes de a Eldorado participar da London Pulp Week (em novembro deste ano), já havia fechado vários contratos, especialmente na Ásia e no Brasil. Após o evento em Londres, começaram a ser fechados contratos com clientes europeus e dos Estados Unidos.
Liderança - O presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich, destaca que a empresa é formada por equipes de alta performance, que atuam com foco em inovação e sustentabilidade. "Vamos exercer um papel de liderança no mercado mundial de celulose já no curto prazo”, afirma Grubisich, que comandava a ETH Bionergia quando foi convidado para assumir a empresa em fevereiro deste ano. Natural de Itatinga, interior de São Paulo, ele é formado em Engenharia Química e construiu grande parte de sua carreira na Rhodia.
De acordo com o diretor industrial, Carlos Monteiro, a Eldorado Brasil será uma alternativa para clientes em todo o mundo, principalmente por sua capacidade produtiva. A empresa contribuirá, também, para manter o Brasil na liderança mundial em produção de celulose de fibra curta. “A demanda global por celulose de fibra curta cresce mundialmente entre 1% e 1,5% ao ano, o que representa a necessidade de mais 1 milhão de toneladas por ano. Desde 2010 o segmento não contou com a entrada de nenhuma grande capacidade para atender a demanda do mercado e é nesse cenário que a Eldorado Brasil inicia a produção”, analisa.
Inicialmente a fábrica vai gerar cerca de 2.500 empregos distribuídos pela área industrial e florestal incluindo funcionários próprios e terceirizados. No pico da obra a Eldorado teve cerca de 12 mil trabalhadores em ação. Além disso, de um grupo de 190 jovens que se formaram nos cursos técnicos de celulose e mecânica industrial, ministrados pelo Senai, metade deles já foram contratados e estão trabalhando na empresa.
Os jovens participaram do programa “Minha Primeira Profissão”, lançado em setembro de 2010, uma parceria da empresa, Senai, das prefeituras de Três Lagoas e Selvíria e do governo do Estado. “O programa foi extremamente importante para a Eldorado e para a região”, observa o diretor industrial.
Logística - Ao definir Três Lagoas para sediar a fábrica, o grupo levou em conta à logística e a infraestrutura que o município apresenta. Situada entre a BR-158 e a confluência dos Rios Tietê e Paraná, Três Lagoas, além de possuir extensas áreas de terra para o plantio de eucalipto, também oferece uma logística privilegiada por meio dos modais ferroviário e hidroviário que apresentam economia e menor impacto ambiental. Para receber matéria prima e escoar a produção, a Eldorado Brasil apostou em uma sistema logístico diferente do praticado pelo mercado, que envolve dois modais logísticos integrados: rodoferroviário e hidroferroviário.
Conforme o diretor de Logística da Eldorado, Álvaro Bunster, a operação logística da Eldorado terá dois escoamentos: de Três Lagoas (Fábrica da Eldorado), metade da produção (750 a 800 mil toneladas) seguirá em caminhões para Aparecida do Taboado (90 km de distância) para um terminal multimodal (rodoferroviário) localizado na MS-316, próximo ao Distrito Industrial Gilberto Nunes da Rocha. Dali segue pelo modal ferroviário (frota própria de locomotivas e vagões) até o porto de Santos (SP). O outro fluxo de escoamento será a partir de um terminal portuário construído no Rio Paraná, próximo à fábrica, de onde segue pelo modal hidroviário até Pederneiras (SP), onde a Eldorado possui um terminal multimodal. De Pederneiras a produção segue pelo modal ferroviário até o Porto de Santos.
O presidente da empresa, José Carlos Grubisich, avalia que os sistemas que foram montados representarão um ganho de competitividade em função dos baixos custos no transporte. “vamos ganhar tempo e dinheiro no transporte da produção”, diz.
Florestas - A incorporação da Florestal Brasil, com a consequente unificação de suas operações e da Eldorado proporcionará a otimização das atividades e ganhos de eficiência. Isto por que a principal atividade da empresa incorporada é a produção florestal de madeira de eucalipto e a da Eldorado é a produção e venda de celulose. Constituída em julho de 1007, a Florestal começou suas atividades florestais em viveiro próprio com o plantio de eucalipto e produção de mudas florestais em viveiro próprio com capacidade para produzir 2 milhões de mudas clonais por mês.
À frente do projeto florestal está Germano Vieira, que trabalhava na Florestal. Para que não falte matéria prima para a produção, o planejamento da Eldorado prevê o plantio de cerca de 160 mil hectares de eucaliptos, tanto em áreas próprias como em áreas de terceiros. Um viveiro próprio, localizado em Andradina (SP), tem capacidade de produção de 35 milhões de mudas de eucalipto por ano e irá garantir a execução do programa de plantio da empresa.
Segundo Germano Vieira, até agora já foram plantados cerca de 110 mil hectares, do total de 160 mil que a Eldorado precisará para primeira fase de operação. “Em 2013, plantaremos mais 50 mil hectares, o que praticamente fecha a demanda da primeira linha. Até 2016 teremos toda a madeira necessária para produção. Para cobrir este déficit, até lá, estamos comprando madeira do mercado do próprio Mato Grosso do Sul e de São Paulo”, explicou.
Energia - Outro fato importante para a unidade no quesito redução de custos de produção, fundamental para a competitividade, é que a planta será autossuficiente em energia elétrica produzida a partir de biomassa. O vapor gerado por uma caldeira será utilizado também para mover duas turbinas com capacidade para gerar 220 megawatts de energia que irá atender a necessidade da fábrica e o excedente – 100 ou 120 MW – será oferecido para os parceiros do complexo (Eka Nobel e White Martins) e ainda destinado à venda na rede da concessionária.
A caldeira, com 90 metros de altura, será a maior no mundo em operação. A fornalha tem 293 metros quadrados e capacidade para 6,8 mil toneladas de resíduos sólidos secos por Cia. A fornalha será alimentada por resíduosexcedentes da madeira do eucalipto. Na fase de teste, enquanto não se produz biomassa, será utilizado óleo industrial e madeira de florestas próprias da Eldorado.
Composição acionária - A Eldorado Brasil Celulose faz parte do grupo J&F Participações S/A, holding do grupo JBS Friboi (família Batista) no setor de celulose e que é comandado por Joesley Batista. A empresa é o resultado da fusão dos negócios da Eldorado Brasil que tinha como acionistas a J&F e o empresário de Andradina (SP) Mário Celso Lopes e a Florestal (investimentos florestais). A Florestal, incorporada em novembro de 2011, tinha como acionistas a J & F, Lopes e os fundos de pensão Funcef (funcionários da Caixa) e Petros (Petrobras).
NÚMEROS DO EMPREENDIMENTO
Investimento: R$ 6,2 bilhões
Unidade será responsável por 20% do total do setor das exportações brasileiras.
Receita estimada em US$1 bilhão/ano
Produção de 1,5 milhão de ton/ano
Área total: 8.920.000 m2
Área da unidade industrial: 5.700.000 m2
Área preservada: 3.220.000 m2
PRODUÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO
Área do viveiro: 159.000 m²
Capacidade: produção de 35 milhões de mudas por ano
Meta de preservação: 20%com espécies nativas
Fonte: Eldorado Brasil