Com novos moradores e fábrica operando, perfil dos negócios muda em Ribas
Empresas são abertas visando o poder aquisitivo maior dos trabalhadores, enquanto antigas tentam se adequar
Qualquer cidade onde uma megafábrica começa a operar vira chamariz para novos negócios surgirem em torno dela. É o que está acontecendo em Ribas do Rio Pardo.
Localizado a cerca de 100 quilômetros da Capital de Mato Grosso do Sul, o município viu a paradeira interiorana ser quebrada pelo anúncio da construção da gigante Cerrado, produtora de celulose da empresa Suzano instalada a 15 minutos de carro da área urbana.
Antes da construção terminar, os investimentos empresariais atendiam necessidades imediatas dos trabalhadores temporários vindos de fora, que chegaram a somar 10 mil na fase mais intensa da obra, segundo calculou a Suzano. Agora que a produção da celulose começou, a corrida é para as empresas responderem ao novo perfil dos moradores que ficam.
Presidente da Associação Comercial de Ribas do Rio Pardo há dois anos e meio, Heber Onça confirma que o start da fábrica traz outra mudança aos negócios.
"Os empresários veem que o perfil do consumidor está diferente porque os empregados efetivos da fábrica têm maior poder aquisitivo e buscam serviços de outro padrão. No lugar de um temporário que mandava dinheiro para a família em outro estado e consumia em Ribas o que sobrava, você tem consumidores que têm mais para gastar na cidade", compara.
O segmento das empresas abertas também tem novidades. Heber destaca o de alimentação fora de casa, que está abrindo à noite e fazendo mais entregas. Também cita a chegada de franquias, a expansão da hotelaria e destaca que existe uma empresa de mobilidade interessada em operar aplicativo de transporte em Ribas.
Novo público - É de aproximadamente 6 mil o número de habitantes de Ribas do Rio Pardo, de acordo com o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No ano passado, a prefeitura contestou o número oficial e afirmou à reportagem que a população era de 29 mil pessoas. A projeção é que aumente para 33 mil em 2027.
A Suzano estimou que o número de funcionários da fábrica chegará a 3 mil, entre próprios e terceirizados. Parte deles trabalhavam nas unidades da companhia de outros estados, mas vem transferida para Ribas do Rio Pardo e traz a família junto.
Pensando em atender esse novo público de pacientes, o clínico geral e médico do trabalho Sidnei Lehm estuda credenciar os serviços ao plano de saúde disponibilizado aos contratados. Por enquanto, atende no particular.
"Hoje, eu já atendo pessoas ligadas à fábrica. A maioria é familiar de funcionário", conta. Ele abriu o próprio consultório há dois anos, anexo à clínica de estética da esposa, a enfermeira esteta Gabriela Fogaça.
Anderson Gallacci é um empresário que foi se adaptando ao que Ribas precisava. Tem uma empresa de telecomunicações que cresceu desde que começou a prestar serviços para a fábrica. Depois, ele investiu no setor imobiliário para abrigar trabalhadores temporários. Agora, abriu uma escola de educação infantil.
"Só tinha uma escola particular na cidade, mas que tem outro perfil e valor menor de mensalidade. A gente oferece aqui na nossa o atendimento em tempo integral, alimentação balanceada e um ambiente com muito verde. Queremos atender, principalmente, o funcionário da fábrica que vem de fora e não tem rede de apoio para confiar os filhos enquanto trabalha", relata.
O que ainda precisa - A infraestrutura da cidade ainda precisa melhorar para corresponder ao que as empresas oferecem e ainda querem oferecer, avalia o presidente da Associação Comercial.
Segundo a prefeitura, investimentos públicos estão sendo feitos em vista da mudança demográfica. "A chegada dos trabalhadores definitivos da Suzano, juntamente com suas famílias, crianças, e a consequente demanda por serviços de educação, saúde, lazer e infraestrutura, tem sido um foco central para a Administração Municipal", disse em nota.
A Administração Municipal destaca a construção de duas novas Escolas Municipais de Educação Infantil e de uma nova escola estadual; a compra de cinco ônibus de transporte coletivo que não cobram passagem; a reforma do hospital municipal e o do pronto socorro; asfaltamento e drenagem de três bairros; e a construção de casas populares para famílias de baixa renda.
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